Este artigo é composto de duas partes que foram apresentadas em dias diferentes (dias 13 e 14 de agosto de 2012) na Rádio 9 de Julho, programa Igreja em Notícias, mas que aqui estão juntas para facilidade de leitura e de comprenção por parte de nosso leitor. A primeira parte foi ao ar no dia 13 de agosto, e a segunda parte foi ao ar no dia 14 de agosto.
1º Parte
O tema do segundo encontro do livro “Não será assim entre vós! Política e ética nas eleições”, do CEBI, é Responsabilidade e compromisso cristão.
Vocês já podem encontrar os artigos comentados aqui no Momento Pastoral no site da Pastoral Fé e Política: www.pastoralfp.com. Dessa forma, se você estiver no carro e não conseguir anotar as citações bíblicas ou quiser algum material para estudar na sua Pastoral Fé e Política, acessem o site e procurem nos artigos e notícias. É possível encontrar ainda os artigos da Caci, do Pedro Aguerre, vídeos da Rede Fé e Política dentre outras coisas interessantíssimas para o nosso crescimento e amadurecimento político.
Bem, hoje faremos a leitura do Evangelho segundo São Marcos 14,10-11.17-21.41b-46.
Judas Iscariot, um dos Doze, foi aos chefes dos sacerdotes para entregá-lo a eles. Ao ouvi-lo, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. Ao cair da tarde, Jesus foi para lá com os Doze. E quando estavam à mesa, comendo, Jesus disse: ‘Em verdade vos digo: um de vós que come comigo há de me entregar’. Começaram a ficar tristes e a dizer-lhe um após outro: ‘Acaso sou eu?’ Ele, porém, disse-lhes: ‘Um dos Doze, que põe a mão no mesmo prato comigo. Porque, na verdade, o Filho do Homem vai, conforme está escrito a seu respeito. Mas, ai daquele homem por quem o filho do Homem for entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido!’ ‘A hora chegou! Eis que o Filho do Homem é entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Eis que o meu traidor aproxima-se’. E, imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, um dos doze, com uma multidão trazendo espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes, escribas e anciãos. O seu traidor dera-lhes uma senha, dizendo: ‘É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem guardado’. Tão logo chegou, aproximando-se dele, disse: ‘Rabi!’ E o beijou. Eles lançaram a mão sobre ele e o prenderam.
Palavra do Senhor.
Vou deixar algumas perguntas para vocês refletirem para o nosso encontro de amanhã.
Por que Judas resolveu entregar Jesus?
E as autoridades? Por que queriam prendê-lo?
Qual o motivo dos discípulos indagarem qual deles era o traidor sobre quem Jesus havia se referido?
A atitude de Judas foi consciente? Ele sabia tudo o que aconteceria em decorrência dela?
E hoje? É possível encontrarmos algum caso de traição no mundo da política? Mas tem que ser no Brasil! Se bem que a gente pensa que essas coisas só aconteciam na época de Jesus e se acontece hoje deve ser lá na Europa...
É possível fazermos uma comparação do Evangelho com a compra de votos? Com a corrupção?
Vamos conversar sobre todas essas questões amanhã, aqui no Ciranda da Comunidade.
2º Parte
Vamos retomar o texto lido ontem, do Evangelho de Marcos, que narra a traição de Judas.
Deixamos algumas perguntas e peço mais uma vez, que as considerações que vocês fizerem individualmente ou em seus grupos que sejam enviadas para o e-mail da Pastoral para que possamos compartilhá-las com outros grupos que nos ouvem. O e-mail é Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. No site da Pastoral tem o meu e-mail pessoal que vocês também podem se comunicar comigo: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., mas para isso, preciso que vocês coloquem no assunto: “Ciranda da Comunidade”, porque do contrário a mensagem será classificada como lixo eletrônico.
Voltando ao tema: Responsabilidade e compromisso cristão, vamos fazer algumas considerações sobre a leitura e sobre a nossa realidade.
Segundo Euclides Balancin, no livro: “Como ler o Evangelho de Marcos”, da Paulus, Judas, o traidor, “se une aos opositores de Jesus a troco de dinheiro”. No momento de escolher entre ficar ao lado do povo marginalizado, de resgatar a dignidade do ser humano, de optar em ficar a favor ou contra Jesus, “um de seus seguidores, escolheu ficar do lado das autoridades”. Um daqueles que caminhava com Jesus é que iria fazer a aliança não com o Projeto de Deus, a nova e eterna aliança, mas com um poder temporário, levando o Mestre à cruz. Logo, não é Deus que nos entrega nas mãos da morte. Quando olhamos para este mundo e pensamos que é Deus que quer que existam desigualdades, que Deus deu a alguns o bilhete premiado de viver uma vida digna e abundante e a outros confiou a morte, a desgraça, a humilhação, a miséria, saibam que são nossas autoridades que nos confiam estes últimos destinos.
Num gesto nada conhecido, Judas concretiza sua escolha com um beijo. Por que?
“Provavelmente, Jesus se tornara uma decepção para ele, que esperava um Messias glorioso e com a bandeira zelota. O andamento das coisas talvez lhe tivesse feito pressentir que as atitudes de Jesus caminhariam para o fracasso e ele não queria ser um perdedor”.
Essa atitude de Judas, com certeza, foi uma atitude de corrupção. “Judas, como seguidor de Jesus, sabia que, se acontecesse alguma coisa com o mestre, seus seguidores poderiam sofrer perseguições e até ser presos como cúmplices.”
Trazendo este Evangelho para a nossa realidade: vejam vocês que o lema da Lei 9.840/99 que é a Lei do combate à Corrupção Eleitoral, da compra de votos, é “Voto não tem preço, tem consequência”.
Percebam que a forma usada para Judas vender Jesus foi com um beijo. E é exatamente isso que políticos desonestos fazem. O beijo é a metáfora perfeita, é um gesto simples, inocente e até puro. A oferta desses políticos também, é uma caixa d’água, vaga na creche, dentadura, cestas básicas, ou seja, aquilo de mais simples e necessário para alguns eleitores e eleitoras.
Mas nós temos que nos conscientizar de que ao recebermos essas “30 moedas de prata”, assim como Judas, iremos nos comprometer com esse sistema desigual, desumano e mortal cada vez mais.
Não podemos receber essas moedas porque elas contêm o sangue de nosso salvador, de nossos mártires, de nossos irmãos e irmãs mais necessitados.
Pelo contrário, devemos nos unir ao Cristo ressuscitado e com ele denunciarmos qualquer irregularidade nas campanhas eleitorais.
O Disque Denúncia Eleitoral funciona de segunda a sexta das 08:00 às 20:00 e aos Sábados das 8:30 às 14:00. Para as Capitais e Regiões Metropolitanas, o número do telefone é 4003-0278 e para as Demais Localidades: 0800 881 0278.
Na dúvida, denuncie para o Ministério Público, que ele é que será responsável em averiguar se a acusação procede ou não.
FONTE: O artigo de Marília Amaral nos foi enviado diretamente pela autora, tendo sido primeiramente veiculado pela Rádio 9 de Julho nos dias 13 e 14 de agosto de 2012. Sua reprodução é autorizada pela Rádio 9 de Julho.
NOTA: O livro citado pode ser encontrado no site do CEBI.