Neste final de semana, o Evangelho lido em nossas comunidades cristãs, nos fala da tempestade acalmada, da atravessia de Jesus no Lago da Galiléia em sentido ao território da Decápole. Região habitada por pessoas pagãs que não faziam parte do Povo de Israel e que não estariam teoricamente destinados a salvação. Aqui nos mostra a viajem de Jesus ao território dos gerasenos em que veremos no capitulo seguinte.
O Evangelho nos apresenta aqui as dificuldades da comunidade na atravessia do mar, diante das dificuldades e dos conflitos que aparecem, entre a comunidade as poderosas forças do império romano e do judaísmo oficial. Forças estas que ameaçavam destruir a comunidade e que fazem com que o medo,desanimo atinge os membros,que sintam que estão sós, que tudo está perdido. Que Jesus, na qual "deixamos tudo e te seguimos"( Mc 10,28), parece que os abandonou a própria sorte, está dormindo, enquanto a Igreja desmorona e afunda. Quanto menos os discípulos esperam ela mostra a sua força para enfrentar as dificuldades.
Passados quase dois mil anos destes fatos, podemos ver que a Igreja, a "barca de Pedro", como escreviam os Santos Padres, está em grandes dificuldades que ameaçam naufraga-la. Podemos ver que hoje a IGREJA esta no mundo, estamos inseridos no mundo, enfrentando dificuldades, assim como os problemas internos que ameaçam destrui-la, problemas estes causados por gente que estão destro da própria instituição, desde a hierarquia até nós leigos que muitas vezes acabamos sendo motivos de escândalos e pedra de tropesso para muitas pessoas.
Jesus foi a outra margem, convidou os discípulos, "PASSAMOS PARA O OUTRO LADO", onde hoje nós que somos Igreja, como nos fala o Concilio Vaticano II, somos convocados a ir a outra margem, dialogar com o diferente e com as novas culturas e realidades terrestres em que nos cerca. Viemos num mundo em constantes transformações, onde tudo se transforma de uma hora para outra, através dos constantes avanços tecnológicos, no campo científico, da constante urbanização das cidades. O crescimento desordenado das cidades, assim como o aparecimento de novas formas de fé, espiritualidades, místicas, bem como a vulgarização da crença onde hoje sou de religião x amanhã w ou y. Diante do pluralismo, da diversidade e indiferença nós temos medo e acabamos nos refugiando em nós mesmos, nos fechamos e isolando-nos e nos transformando em uma grande seita. Ai caímos no saudosismo e no fundamentalismo religioso, onde eu sou dono da verdade e devo reagir com agressividade ao outro.
Devemos como "discípulos e missionários", somos desafiados a dialogar e ir ao Areópago, como fez o Apóstolo Paulo, levar a nossa mensagem, ser de fato testemunhas vivas de nossa adesão a Cristo no nosso Batismo no local em que estamos inseridos na familia,local de trabalho, estudo, lazer e na era da informática,saber usar a tecnologia. O homem e mulher contemporâneo, diante de sua ânsia pela verdade nos clama a ir ao seu encontro a outra margem. Mas nós como os discípulos temos medo de ir ao seu encontro, por causa dos desafios em que se faz presente e acabamos nos esquecendo de que Jesus se faz presente em nosso meio e nos dá força para enfrentar a toda dificuldade e nos pergunta,como outrora:
"Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?"
Rezemos por nossos doentes e falecidos, nas nossas intenções.
Boa semana
FONTE: Júlio Lázaro Tornma é membro da equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas (RS), sendo o texto nos enviado por Waldemar Rossi, coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.