Que importa se repito o que já disse,
buscando nova forma de dizer?
Mamãe, tu vens primeiro, eu sou teu vice:
importa ser leal, reconhecer
que devo muito a ti – não é mesmice!
O medo se protege, fecha a porta,
pensando no poder que a morte tem.
Parece que a lembrança não conforta,
pois fala de um final que não convém.
O Mestre... Por que a morte tudo aborta?
Os cristãos e as cristãs
têm seu jeito de vida:
fecundar as manhãs
com amor sem medida.
Do pobre desta vida, do abandono,
floresce a luz mais viva entre os humanos:
não vem pra se fazer de rei, de dono,
vem manso e solidário, não quer danos,
nos traz do próprio Deus o grande abono.
Sempre há um céu no nosso sonho,
todo feito sem distância,
onde mesmo alguém tristonho
vai sentir toda fragrância!
A fibra de um humano frente à lama
da extrema estupidez da prepotência
não chora o pouco tempo, não reclama,
assume do seu povo a competência
e a todos os humanos nos conclama.
Ó meu irmão, tu te manténs de pé,
sem holofotes, pois não são de paz.
Tens outra luz - tu sabes bem qual é! -,
que de aparências não se satisfaz,
pois ama a vida e não quer marcha a ré.
Pai é sempre relação, convivência,
luz, apoio, um ombro amigo, um esteio,
compromisso, bom serviço, incumbência,
incentivo pra seguir sem receio,
mesmo quando se instaurar turbulência.
Sabiam ser a pedra bem pesada,
diziam: “Quem virá pra removê-la?”
Traziam em medida preparada
aromas... mas a pedra... para erguê-la...
Ó Deus, que nos deste a água
capaz de matar a sede,
nos livra de toda a mágoa
que tece uma estranha rede.