Ser pai é cultivar a liberdade,
tornar os filhos firmes para a lida:
ser luz, ser referência da bondade,
o amor ter por sustento e por medida,
ser pronto na esperança e na verdade.
Abrir a casa aos filhos, sem temor:
que saiam, que retornem – é guarida;
que façam as escolhas – é vigor;
que sejam bem irmãos – razão da vida;
que saibam no perdão se recompor!
Ser pai: manter ao céu a lealdade,
plantando neste chão real valor!
J. Thomaz Filho
Quem queira diga lá que foi o Acaso,
quem queira diga Fluidos, Energia...
Ah! tenho a confessar: no nosso caso,
foi Deus que é Paz, Vigor, Luz, Harmonia,
Trindade, Convivência, Amor sem prazo!
Mas nada foi imposto, a liberdade
pautou-nos cada passo, dia a dia,
fluiu nos nossos gestos, na amizade
que fez-nos tão cativos da alegria
que sabe fecundar fidelidade!
Quiséramos florisse nesse vaso
o andar dos casais todos, Deus Bondade!
J. Thomaz Filho
Você vai perguntar? Acha normal
ser paz, dedicação, bom compromisso,
mantendo sempre um nobre ritual:
olhando em panorama, ser serviço,
amor, perdão e luz, um dom total.
Loucura? Se este mundo entende assim,
pois ela é contramão e traz o viço
que faz uma semente ser jardim.
Enquanto vemos tanto rebuliço,
prossegue tão serena, sendo sim!
Um sim que sabe ser o bom aval:
um sim a Deus, ao outro, à vida, enfim!
J. Thomaz Filho
Dizer ressurreição não é futuro,
é agora, faz rever o sonho inteiro.
O Irmão que nos precede em tom seguro
é seiva, é bom vigor para o canteiro,
nos pede os pés no chão, não sobre o muro.
Não fala de troféu, prosperidade,
é rumo, se propõe nosso roteiro:
é luz, perdão, é paz, é liberdade,
vigor, abraço, eterno companheiro,
nos pede os pés no chão, fidelidade!
A cruz lhe impôs fracasso, trouxe escuro?
Nos pede os pés no chão, quer densidade!
J. Thomaz Filho
Morreu um condenado, na tortura,
exemplo pra que todos mais se calem.
O império não suporta, não atura
clareza e liberdade que o abalem:
quer súditos, poder, quer noite escura.
Mas esse quer plantar um mundo irmão,
servir aos pequeninos: eles valem!
É contra humilhação, dominação,
quer homens e mulheres que se igualem
na busca pela paz – é a solução!
Matá-lo, pra impedir tanta ternura!...
Porém, Deus diz assim: ressurreição!
J. Thomaz Filho
É ASSIM QUE NÓS FAZEMOS
É assim que nós fazemos com Jesus:
tomamo-lo por filho de Davi,
um rei que ao comodismo nos conduz,
calando o Novo Reino por aqui.
E então os poderosos vêm coa cruz.
A cruz não era dele, foi-lhe imposta.
Mas Ele não arreda o pé dali,
é livre, mantém firme sua proposta
de amor, perdão, e não de olhar pra si:
servir, lavar os pés, ser mesa posta!
Firmeza que nos salva! Nova luz!...
Por isso ressuscita: ganha a aposta!
J. Thomaz Filho
Não falo de poder, mas de valor,
de honra, de igualdade, dignidade.
Te seja devolvido esse sabor
que é teu também, na mesma densidade
que é meu, de todos nós – mesmo vigor!
Tu tens teu jeito próprio de enxergar
a casa, o mundo, as cores da cidade.
Não é contraditório a descartar,
é seiva a nos nutrir fraternidade,
é a biodiversidade a nos brindar!
Mulher, não haja serva nem senhor:
somente o lado a lado é bom lugar!
J. Thomaz Filho
Servir com limpidez aos pequeninos
por certo que é retrato desse Irmão
que aponta o céu, nos nossos desatinos,
tomando a liberdade pela mão,
fazendo-a modelar novos destinos.
Assim, Natal não mora no mercado,
depõe o medo, a manipulação,
expõe o Império nu, escancarado,
se faz denúncia à vil dominação,
da sede de justiça põe-se ao lado.
Falar em manjedoura e cantar hinos
então ganha sentido e traz recado.
J. Thomaz Filho
É claro que a esperança não morreu,
nem nunca vai morrer, se nele eu creio.
Natal vem me lembrar: se Ele viveu,
que eu viva assim também, e sem receio,
seguindo cada passo que Ele deu.
Difícil ser tão denso e tão humano,
tão simples, tão profundo e sem enleio!
Mas esse é o compromisso, a meta, o plano:
só assim o Reino muda o nosso meio!
Só assim brilha a verdade, não o engano!
Natal não fica lá, no que se deu,
me pede os gestos meus, não de fulano.
J. Thomaz Filho
Você que sofre agravo na saúde,
você que está na fila sem trabalho,
você que já não sabe que atitude
é válida, prudente ou mero atalho,
você quer solução, não o que ilude.
Natal é pra você!... Porque é esperança
de rumo, não é um simples quebra-galho,
é Deus que fere o passo dessa dança
que esquece, que sonega até o orvalho
àquele que só dor vê como herança.
Ainda que ao redor bem pouco mude,
Natal é luz, vigor pra quem se cansa.
J. Thomaz Filho