Pondere. Deus também tem o seu sonho.
Será que o sonho dele vale a pena?
Parece um tanto estranho... Se me oponho,
como é que lá da gruta Ele me acena?
Não vejo, não enxergo... Que medonho!
Porém, se me revejo, quero entrar.
Olhando lá pra dentro, vejo a cena:
neném, José e Maria... Vou cantar?
Talvez, ouvir primeiro... Me apequena
ver tudo tão precário nesse lar?
Mas é de uma riqueza!... Me envergonho
ao ver o amor ali: tudo é cuidar!...
J. Thomaz Filho
O povo dividido desse jeito...
Será que sabe olhar pra manjedoura?
Perguntas... Perguntar não é direito?
Pois é! Quem quer a paz bem duradoura,
não tem de mexer fundo, lá no peito?
O ódio, a intransigência, a voz que fere...
Tão prática de usar essa tesoura!...
Porém, esse neném... Quem não confere
desvia toda a chuva da lavoura,
achando que isso é bom... Ah! considere!
Pondere, meu irmão, sem preconceito.
Pondere! Vale a pena?... Não se altere...
J. Thomaz Filho
Quem faz o teu olhar assim cruel?
Que ar que tu respiras para tanto?
A cor da minha pele me faz réu?
Quem foi que decretou tamanho espanto?
Por que sempre me empurras para o fel?
Eu tenho o mesmo sangue em minhas veias,
trabalho o meu suor por todo o canto,
construo este País com as mãos cheias
de empenho, de cuidado e zelo santo...
São vis os preconceitos que semeias.
Não posso acreditar que crês no céu,
se buscas proscrever-me das aldeias.
J. Thomaz Filho
Você que se recusa a dar seu voto,
você só está dizendo a quem votar:
“Não quero ter controle, nem remoto,
prefiro ver você me comandar.
Confio. De você eu sou devoto!”
Você é quem decide... Mas, por mim,
não abro mão da mente, de um olhar,
do gosto de plantar um bom jardim,
que faça bem a mim e a tanto lar.
Não abro, pois insisto até o fim.
Não choro, se derrotam o que adoto.
Eu choro é por País chorando assim!...
J. Thomaz Filho
Quem tem essa saudade pra encarar
e entende que precisa de um suporte
por certo que em sua prece vai firmar
primeiro a gratidão e vai ser forte,
capaz de levantar-se, caminhar.
Quem tem essa saudade vai querer
clareza pra manter o rumo norte:
sabendo não ser fácil compreender,
desprende-se do jogo azar e sorte
e põe os pés no chão pra amanhecer.
Quem tem essa saudade vai cantar
canções que têm raiz no verbo crer!
J. Thomaz Filho
Você não é o passado, já selado.
Você é permanência em minha vida.
Você não é saudade, antigo agrado.
Você é luz que aclara a minha lida.
Você é paz, é bem, é o bom recado.
Você é ombro amigo na jornada.
Você é voz que acalma, não revida.
Você é doação, não cobra nada.
Você é o bom aceno na saída.
Você é o bom abraço na chegada.
Você é a minha espera do outro lado.
Você, minha canção: a mais tocada!
J. Thomaz Filho
Adilza, do seu lado o tempo é nada.
Aqui, porém eu conto: faz um ano!
aqui, vou prosseguindo minha estrada.
Aí, você já está no sem engano,
que é a fonte e a foz de toda esta jornada.
Pois é, já faz um ano de mexida
tão densa!... Que clareza nesse plano
do Pai: eternidade é sua guarida!...
Mexida que não causa nenhum dano,
mas faz-me reciclar-me em minha lida.
Adilza, também quero essa morada!
Por ora, há lições nesta avenida...
J. Thomaz Filho
Lembrar daquele jovem, lá de Assis,
é como descruzar os próprios braços.
Não dá para sorrir e ser feliz,
deixando como está: tudo aos pedaços!
O jeito de ele ser não contradiz?
Riquezas? Não brigou por elas, não!
Pessoas, animais, grandes espaços?
Jamais foi de agredir, se fez irmão!
Pros ódios e doenças trouxe abraços.
Moeda que ele usou? Sempre o perdão.
O mundo está sem rumo, por um triz?
Pois ele tem serena solução!
J. Thomaz Filho
Lembrar daquele jovem, lá de Assis,
é como descruzar os próprios braços.
Não dá para sorrir e ser feliz,
deixando como está: tudo aos pedaços!
O jeito de ele ser não contradiz?
Riquezas? Não brigou por elas, não!
Pessoas, animais, grandes espaços?
Jamais foi de agredir, se fez irmão!
Pros ódios e doenças trouxe abraços.
Moeda que ele usou? Sempre o perdão.
O mundo está sem rumo, por um triz?
Pois ele tem serena solução!
J. Thomaz Filho
A Terra, nossa casa e bem comum,
precisa de respeito e de cuidado.
É claro que ela nutre a cada um
– é só olhar pra trás! – com sumo agrado.
Voltemos. Entendamos. Medo algum!
É como o nosso corpo: quer descanso.
Tornar seu chão assim, esburacado,
os troncos recortados, sem remanso,
é mesmo um panicídio bem tramado,
que a tudo vai ceifar, com seu avanço!
Dá tempo! Restaurar!... Prazo? Nenhum!
Só dá pra festejar de olhar mais manso!...
J. Thomaz Filho