PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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J. Thomaz Filho

EM PLENA PANDEMIA

Pros votos, quantos foram os milhões?
Mentiu, muito gastou, e se elegeu.
Mentiu! Pois não mostrou certas razões.
Tivesse dito claro – compreendeu? –,
seriam quantos votos?... Eleições!...

Agora mostra a cara. Que frieza!
Em plena pandemia?... Que lhe deu?...
Decreto de despejo. Com crueza.
Famílias que produzem – entendeu? –
não têm pra onde ir... Não há defesa!...

Justiça!... Mas desfere safanões!
É lúcida? É justa? Tem nobreza?

J. Thomaz Filho

DOM PEDRO CASALDÁLIGA

No denso da palavra e da atitude,
o irmão dos mais sofridos já se expõe.
Ah! sabe prolongar sua juventude,
servindo os pequeninos: pois compõe
poema com a vida, não ilude.

Não teme se aliar à dor do pobre.
Se a voz da prepotência se indispõe,
e quer calar um sonho justo e nobre,
é vida para todos que se impõe!...
O céu é justo assim: ninguém soçobre!

Fazer da gratidão, solicitude!...
Que o nosso empenho, agora, se desdobre!

J. Thomaz Filho

NO EMPENHO PELOS FILHOS

Os pais que compreenderam seu mister
têm tempo para os seus, sabem cuidar,
alertas pro que der, pro que vier,
capazes de entender e de escutar,
felizes por servir, como Deus quer.

Porque, afinal de contas, seu papel
não é de coadjuvante a respingar,
mas é de sintonia com o céu,
pra que na terra possa vigorar
a paz sem restrição, não a granel.

Ser pai é estar de mãos com sua mulher,
no empenho pelos filhos – que troféu!

J. Thomaz Filho

NÃO FOI DE CONIVÊNCIA

Se temos quem promova dor e morte
aqui no nosso meio, que nos resta?
Armar-nos? Pra tornar ainda mais forte
o ódio, violência, que não presta?
A paz não trama assim a nossa sorte!

O Mestre, que me dá sentido e luz,
não foi de conivência nessa festa
de pura insensatez, que nos reduz
a gente ambiciosa, vil, molesta,
a mórbidos que à paz não fazem jus.

O céu nos recomenda outro suporte:
mãos dadas, ombro irmão! – Louco é Jesus?

J. Thomaz Filho

E SE FEZ PÃO

O espírito e a carne numa vida,
unidos, com sabor de consciência!
É isso que nós somos. Quem duvida?
Daí nosso vigor, nossa incumbência!
Não dá pra descartar uma medida.

E Deus quis se encarnar nesta matéria,
tornar-se qual nos fez, mas na excelência,
mostrando compaixão pela miséria
em que nos afundamos, complacência,
perdão. E se fez Pão!... Não é pilhéria.

Na carne, dom de Deus pra nossa lida!
Serviço, amor, partilha!... Coisa séria!

J. Thomaz Filho

EM TEMPOS AMARGOS

Com quem nós haveremos de aprender,
em tempos tão amargos, a saída?
Ó mãe, tu és a luz a nos dizer
que é hora de encarar toda a avenida
com firme paciência e bem-querer.

Não há que rejeitar proposta alguma.
É tudo analisar. Ter por medida
o que merece amparo em meio à bruma.
Ah! isto percebemos: sempre a vida!...
Firmemos nosso empenho em dose suma!

Contigo não nos custa compreender:
focando o essencial, tudo se apruma!

J. Thomaz Filho

TEMPO PRA PENSAR

Um tempo pra pensar é que não falta:
pesar os compromissos, prioridades,
dizer pra toda a pressa que ela é incauta,
ouvir se a paciência traz verdades,
fazer o bom humor ficar em alta.

Rever nosso conceito de normal:
será que as nossas mil atividades
precisam desse antigo vendaval
de tanto vai e vem? Precariedades
são essas que dizíamos?... Que tal!

Que o riso das crianças, tão peralta,
nos leve a reinventar todo o quintal!

J. Thomaz Filho

DEZENOVE DE ABRIL

Indígenas, falai, temos de ouvir.
A nossa relação com a Mãe Terra
tem sido desastrosa. Progredir
– o verbo que nos move – nos emperra
consciência e visão, pensar, sentir.

Falai da convivência em vossos clãs,
falai do chão, da vida, sem a guerra
que os fere, que os explora – metas vãs,
só levam a sugar... A gente erra!
Falai, para aprendermos lidas sãs!

Mãe Terra, só soubemos te agredir.
Permita-nos compor novas manhãs!

J. Thomaz Filho

UM NOVO CONVIVER

Fugimos pras metrópoles. E agora?
Um novo conviver já nos questiona.
A máquina que usamos nos devora:
tirou-nos das lavouras e detona
o nosso compromisso com a flora!

Ah! Como garantir nosso sustento
sem toda essa agressão que desmorona
a nossa sanidade? Novo intento
nós temos de abraçar em toda zona:
rural e urbana. Novo e justo acento!

É urgente, não suporta mais demora!
Que Deus nos dê coragem, luz, alento!

J. Thomaz Filho

AQUI FAZEMOS PÁSCOA

Se o Mestre ressurgiu, você também.
Pois isso Ele nos veio garantir.
Adilza, então desfrute muito bem
de tudo o que me espera no porvir:
se veio pra você, também me vem!

Aqui fazemos Páscoa, que é passagem.
Aí já conseguiu tudo florir!
Não digo que eu esteja em desvantagem:
preciso mais um tanto prosseguir...
até que chegue o dia da viagem.

Não posso é descansar-me no desdém:
há irmãos buscando luz, sabor, aragem...

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho
J. Thomaz Filho é escritor, poeta, compositor e também letrista, parceiro de Frei Fabreti em dezenas de músicas litúrgicas, entre elas "Imaculada", "O Amor de Deus", "Grande é o Senhor", "Cantando a Beleza da Vida", "Venham Comigo" e "Vejam". Atuou por mais de dez anos no Colégio Santa Catarina (Petrópolis/RJ) lecionando ética. Trabalha junto a grupos de reflexão bíblica e formação cristã. Foi agraciado com o prêmio "Poesia e Liberdade" pelo Centro Alceu Amoroso Lima (2010). Para falar com J. Thomaz Filho, utilize nosso formulário de contato.