Você se levantou bem destemida.
Quem disse que era a sombra o seu lugar?
Você mostrou que estava demitida
já antes de deixarem-na provar
que havia competência em sua lida.
Foi muita paciência, persistência,
coragem de jamais desanimar.
Você vai comprovando eficiência
em todas as funções... A desejar?
É claro: que vigore a coerência!
Já chega de impostura e de ferida!
Porque não acabou toda a insolência...
J. Thomaz Filho
A paz está batendo, quer entrar...
Um sonho, me disseram, tão bonito!
Porém, sonhar assim, não vou sonhar.
Senão vou me enganar, entro em conflito
com tudo o que a esperança quer plantar.
A paz não vem de fora, assim, tranquila.
A paz não é pra um sonho assim, restrito,
pra dentro dos meus muros... Pede a vila,
as ruas da cidade, o chão proscrito
da voz dos mil irmãos na grande fila.
A paz mexe por dentro, quer sarar
a dor do vil desdém, que a aniquila.
J. Thomaz Filho
Meu perto é diferente do seu perto.
Aqui é cada vez um endereço.
Aí é luz e paz, não há deserto.
Aqui a gente paga tanto preço!
Aí é o coração de fato aberto.
E Deus cuidou de mim por mais um ano.
Você pode dizer-lhe que agradeço?
É só pra não deixar nenhum engano,
assim você reforça o meu apreço,
tal qual sempre fazíamos, sem dano!
Aí não há contagem, nem incerto.
Aqui tem ano novo, empenho, plano...
J. Thomaz Filho
Ali na manjedoura, plenamente,
está o nosso Deus, que é salvação.
Conhece a escolha boa da semente!
Deixemos nossa mão ser sua mão
e o Reino há de florir pra toda a gente!
Não é de exclusivismo, de uma elite:
é luz, vigor, justiça, bem, perdão!
Pra todos! Todos mesmo!... Seu convite,
por isso é de exigência: mundo irmão!...
Pondere, é muito mais que só um palpite!
Natal! O nosso Deus se faz presente
na história: quer que a paz em nós habite!
J. Thomaz Filho
Estamos sempre às voltas... O poder,
matreiro, sempre faz um rebuliço...
Quer mesmo ser o dono, se manter.
Esquece o principal, o ser serviço.
Não olha a manjedoura, não quer ver.
Discursos e projetos... Que intenção?
Natal é Deus tomando o compromisso
conosco, com a vida, com o chão...
Fez tudo interligado e sabe disso!
Não dá para aprendermos, não dá, não?
Pondere que o Natal vem pra mexer!
Tiremos essa tampa da ambição!
J. Thomaz Filho
O olhar de sua mãe, lá em Caná,
lembrou-lhe a manjedoura: precisão!...
A festa corre bem? Como é que está?
Se der pra prevenir a situação,
por que ir ao vexame? Não, não dá!
Manter o olhar atento vale a pena!
Se a mãe tem tal recado, tal lição,
pois Ele compreendeu: “Pondere a cena!...”
E vai levar pra vida essa questão:
pras dores, para as faltas ter antena!
O olhar do Pai é assim!... Quem negará?
Socorro que alivia! Não condena!
J. Thomaz Filho
À luz da manjedoura, pois, pondere:
nascer lá no desdém a quem serviu?
Foi luz para os feridos!... A quem fere
foi pedra de tropeço, sem ardil!...
Quem quer compreender, vai e confere.
O sábado era o dia preferido:
amor a Deus e ao próximo!... Cumpriu
a lei inteira, enternecido,
cuidando do que é tido como vil:
do triste, do esquecido, do caído...
À luz da manjedoura Ele prefere
aquele que precisa ser reerguido!
J. Thomaz Filho
É claro, esse menino vai crescer,
e vai ficar patente, no percurso,
por que chegou assim pra conhecer
a vida que nós temos, com seu curso.
Vai ser a Salvação! Ah! Sim! Vai ser!
De um jeito diferente dessa espera
que costumamos ter: algo de urso,
com garras de agressão e voz severa
costuma fazer parte do concurso
em que nos inscrevemos. Vai, pondera!
Não somos de julgar, desmerecer?...
Pois Ele é de abraçar! Traz primavera!
J. Thomaz Filho
É claro que não é pra ficar lá:
neném é pra crescer, ganhar o mundo.
Pondere o itinerário nos trará
mais luz pra manjedoura, pois, segundo
nos contam, Ele nos surpreenderá.
Um caso, aos doze anos, foi marcante.
O seu conhecimento era profundo.
No encontro com doutores foi vibrante:
falou, não só ouviu, e foi a fundo...
Falou do Pai do céu, foi confiante!
Se a gente ponderar, descobrirá
sinais do que o Pai quer, a cada instante!
J. Thomaz Filho
Me contam que uns pastores foram lá.
Também com as crianças, as mulheres...
Queriam que ficasse como está?
Sem mesa, sem um berço, sem talheres?
O que é que vão levando?... Servirá?
No meio do abandono!... Mas que gente!
Com ânimo sem fim!... Ah! se puderes,
vai lá, vai lá também, pois, certamente,
verás que a tua vida – oh! ponderes! –
terá, mais luz e rumo!... Vai em frente!
Aquela manjedoura te fará
ver tudo de outro modo. Consistente.
J. Thomaz Filho