A nossa prece é de gratidão Àquele que tudo criou, tudo sustenta e tudo anima. Gratidão por estes 40 anos de caminhada e convivência de que a Adilza e eu estamos podendo desfrutar.
É claro que Irmã Míria é melodia,
e agora a eternidade é sua pauta.
Se o peito está em bemol nesta harmonia
e a pausa nos sussurra alguma falta,
o canto é uma presença que irradia!
A hora do desfecho se aproxima,
por gosto da ambição, da prepotência.
O Mestre está por baixo, não por cima
– assim diz a roupagem da aparência –
E a dor toma o lugar de toda a rima...
A cruz – da rejeição e da tortura! –
quer ver o reino antigo prosperando:
quem busca a liberdade com fartura
é como o criminoso de algum bando
que vem tumultuar o que ainda dura.
As tramas do poder fizeram isso.
O Pai não pôs a mão nessa tortura.
Se o Filho se manteve no serviço,
que é luz, que é liberdade, amor, brandura,
mostrou qual é do Pai o compromisso.
O dia da mulher não é folclore,
é a força da memória de quem luta
e intima a cada um que revigore
o empenho pela paz nessa labuta.
Que o reino da igualdade comemore!
Vocês são a metade mais bonita
da nossa humanidade, neste chão.
Vocês são a metade mais aflita,
na hora da malfeita divisão:
quisemos impingir-lhes vez restrita.
A dor que permanece neste chão
insiste para olharmos pra Belém:
Quem é que ao pequenino estende a mão,
se o espaço do precário foi além
e torna a gruta enorme, na extensão?
Nós vamos sucumbir aos holofotes?
Só visam seus estoques escoar.
E deixam tão vazios os nossos potes!
Induzem a comprar, não a abraçar,
impingem-nos só coisas, com seus motes.
Os magos ao chegarem ao menino
têm mirra a oferecer, pois ele é humano,
tão frágil, indefeso, pequenino,
mas têm também o incenso: sem engano,
enxergam no neném todo o divino.