A ceia preparava uma surpresa.
Seguira o ritual mas, de repente,
o novo se instaurou e aquela mesa
jamais foi esquecida, minha gente!
O Mestre pronuncia sua fala
tomando o pão e o vinho em suas mãos:
que luz pra caminhada, em toda a escala!
Que nobre desafio para os irmãos!
"Pois isto sou eu mesmo, alimentai-vos!"
A ceia quer a vida celebrar!
"Tal qual eu vos amei, também amai-vos!"
A ceia quer a vida alimentar!
O Mestre se revela em denso gesto:
em vinho e pão resume o seu carinho.
O Mestre nos garante todo o resto:
em água e toalha aponta o bom caminho.
Pois ele foi sustento a cada passo:
tomou com mãos de mãe toda a esperança!
Pois sempre foi serviço, um grande abraço:
dar força aos afligidos não o cansa!
E agora, nesta ceia, deixa claro:
não tece rituais, tece conduta,
mas não arreda pé do que lhe é caro,
pois sabe o que o Pai quer, mantém-se à escuta.
Seu modo irrita muita autoridade.
Não volta um passo atrás, é manso e firme,
e assim exerce a sua liberdade:
"Eu cumpro o que Deus quer! Vindes punir-me?"
O Mestre teme a cruz, mas não recua.
O Pai quer um sinal frente ao poder
que impinge o que lhe sobra, a morte crua.
O Mestre sua sangue e sabe crer.
O Mestre não desdiz os passos seus:
palavras de perdão inda ressoam...
Parece que o fracasso foi de Deus...
E assim as causas nobres sempre escoam.
O Pai não foi traído, desta vez!
Mas fica sem abrigo esse perdão?
Engano, o Pai contou só um, dois, três,
e o Filho abraça o Pai: ressurreição!
FONTE: O Artigo de J. Thomaz Filho nos foi enviado diretamente pelo autor.