América Latina
A fuga do Senador boliviano para o Brasil
É tradição brasileira conceder asilo político a quem solicita. Foi assim com Stroessner, ex-ditador do Paraguai, e, mais recentemente, com Cesare Battisti. Também foi o que ocorreu com o senador Boliviano Roger Pinto Molina durante sua presença na embaixada brasileira na Bolívia. Foram 445 dias aguardando que o governo boliviano desse salvo-conduto para que ele pudesse ser transferido para o Brasil.
O Brasil seguiu a sua tradição de conceder asilo político. Faltou sensibilidade do governo Boliviano em respeitar o asilo concedido. Não se tratava mais apenas do que o senador boliviano fez, mas de não aceitar uma decisão soberana brasileira em conceder o asilo.
O Senador Roger Molina responde a cinco processos na justiça boliviana, sendo que pelo menos um é por desvio de recursos públicos quando era prefeito de um município de 2000 a 2004. É procurado pela justiça por crimes comuns. Como é um dos opositores ao governo Evo Morales, solicitou asilo na embaixada brasileira alegando perseguição política.
A sua retirada da Bolívia reúne um conjunto de ações inadequadas. Ao que tudo indica não foi ato isolado do diplomata Eduardo Saboia. A participação de outras pessoas, inclusive do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores comprova essa tese. O episódio teve como consequência a demissão do então ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, mas não se deve colocar todo o peso da demissão neste caso apenas, pois já ocorriam situações de desgaste na relação de Patriota com a presidente Dilma Rousseff.