PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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Sinais de Salvação

Nós, católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais, nos entendemos como cristãos, e disso nos orgulhamos. De tão bom que nos parece, queremos que todos se agreguem a nós. Para o bem deles, para a felicidade deles, para a salvação deles. E então intimamos:

- Já aceitou Jesus como seu salvador? Aceite-o! – insistimos, porque essa é nossa proposta de qualidade de vida para todos.


adoracao-01De certo modo temos razão, porque dizer Jesus ou dizer salvador é dizer a mesma coisa, já que Jesus significa salvador, tanto pela tradução da palavra como pelo comportamento da pessoa de Jesus entre nós, aqui, na nossa Terra, em meio a todas as nossas contradições.

Por outro lado, dizer que Jesus é meu salvador pode ser muito pouco. Pode ser muito cômodo. Pode ser muito alienante. Depende da maneira como entendo salvador, e da maneira como a outra pessoa entende salvador. Porque pode parecer que a pessoa aceita Jesus como seu Salvador a partir do momento em que adere à Igreja de que faço parte, contribuindo com sua presença, seu serviço, seu dinheiro. E estará aceitando Jesus enquanto assim permanecer. Se ela não estiver em nossas fileiras, parece-nos que está longe, que não tem a salvação.

Quem disse que é assim? Será que isso é verdade? Será que está de acordo com os retratos falados fidedignos que temos de Jesus, ou seja, com os quatro evangelhos e o restante do Testamento por nós aceito como Bíblia?

Podemos atropelar tudo e dizer que essas perguntas não têm sentido. Que estaríamos suspeitando do que não se pode suspeitar. Ora, a salvação se dá através da Igreja! Da minha Igreja! Pois a minha Igreja é que é a verdadeira!

Já aqui, uma considerável parte dos cristãos estará equivocada. Pois não é raro um cristão considerar equivocada aquela parte dos cristãos que não pertence à Igreja que ele pertence. Eis o problema: os cristãos montam um grande palco de discórdia.

Que testemunho, hein! Para saber quem é o primeiro. Para saber quem está certo. Somos todos filhos de Zebedeu, ambiciosos pelos destaques do nosso gosto, querendo ocupar os melhores lugares (Mt 20,20-28; Mc 10, 35-45) e dominar sobre os outros, calá-los, em vez de servir aos outros, a todos os outros, às nações todas (Mc 9,38-41). Somos todos a Samaritana tentando conseguir o aval de Jesus para o nosso modo de entender a salvação (Jo 4,19-24), querendo amarrar o Espírito no lugar do nosso culto.

Aceitar Jesus como nosso Salvador é estar disposto a beber o cálice que ele bebeu, a batizar-se no batismo com que ele foi batizado, pelas mesmas razões que ele. Se tivéssemos ocasião de insultar Jesus pedindo-lhe opinião sobre nossas ideias a respeito da salvação e a respeito dele como salvador, seríamos mais um doutor da Lei, desconcertado, engolindo alguma parábola de bom samaritano (Lc 10,25-37).


É na misericórdia com os caídos, no trato dos machucados que se iluminam os sinais de salvação! É preciso cuidar, para que o culto não mereça chicotadas (Mc 11,15-18)!

 

 

FONTE: O Artigo de J. Thomaz Filho nos foi enviado diretamente pelo autor.

 

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho
J. Thomaz Filho é escritor, poeta, compositor e também letrista, parceiro de Frei Fabreti em dezenas de músicas litúrgicas, entre elas "Imaculada", "O Amor de Deus", "Grande é o Senhor", "Cantando a Beleza da Vida", "Venham Comigo" e "Vejam". Atuou por mais de dez anos no Colégio Santa Catarina (Petrópolis/RJ) lecionando ética. Trabalha junto a grupos de reflexão bíblica e formação cristã. Foi agraciado com o prêmio "Poesia e Liberdade" pelo Centro Alceu Amoroso Lima (2010). Para falar com J. Thomaz Filho, utilize nosso formulário de contato.