Hoje é dia de São Bento. São Bento de Núrsia foi um monge italiano, fundador da Ordem dos Beneditinos, que até hoje é uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador também da "Regra de São Bento", um dos regulamentos mais importantes e utilizados de vida monástica existentes e inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Foi designado santo padroeiro da Europa e um grande intercessor pelo Papa Paulo VI em 1964, sendo venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália. Segundo São Gregório, São Bento foi filho de um nobre romano.
Apesar de ter iniciado seus estudos na região de Núrsia, foi para Roma alguns anos depois estudar retórica e filosofia, porém ele se decepcionou com a decadência moral da cidade, e por isso abandonou a capital e se retirou para Enfide (atual Affile). Ajudado por um abade da região, São Bento instalou-se em uma gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram sua fama de santidade.
A partir de então, ele foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual. Por isso foi eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no norte da Itália. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que dava a bênção sobre o alimento, saiu da taça que continha o vinho envenenado uma serpente e o cálice se fez em pedaços. Com isso, São Bento resolveu deixar a comunidade e voltou para a caverna onde fundou vários mosteiros. Em 529, por causa da inveja de um sacerdote da região, se mudou para Monte Cassino, onde fundou o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina.
As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu de um sacerdote invejoso. São Gregório conta que, por sua ordem, o corvo levou o pão até onde ninguém o encontrasse.
Bento foi o nome escolhido pelo Cardeal Ratzinger para motivar seu pontificado de Papa, já que a escolha do nome do papa é feita pelo próprio cardeal, por motivos pessoais, históricos e para como já disse para marcar o sentido de seu pontificado.
No caso do papa Bento XVI, a escolha de seu nome é uma provável homenagem ao último papa que adotou o nome Bento, que foi o italiano Giacomo della Chiesa, entre 1914 e 1922. Conhecido como o "Papa da paz", Bento XV tentou, sem sucesso, negociar a paz durante a Primeira Guerra Mundial. O seu pontificado foi marcado por uma reforma administrativa da igreja, possuindo um caráter de abertura e de diálogo. Além disso, Bento XVI sempre foi muito ligado espiritualmente ao mosteiro da beneditino de Schotten, perto de Ratisbona, na Baviera.
Alguns analistas, como dom Antônio Celso de Queirós, na época vice-presidente da CNBB, relacionaram a adoção do nome Bento com a atuação de São Bento de Núrsia (480-547), fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa, o que o próprio papa confirmou após a publicação das explicações sobre seu brasão. Após as invasões bárbaras, os mosteiros de São Bento foram responsáveis pela manutenção da cultura latina e grega e pela evangelização da Europa. A escolha do nome deste Santo representaria, portanto, que uma das prioridades do papado de Bento XVI será a "recristianização da Europa". Escolheu como lema episcopal: «Colaborador da verdade»; assim disse o papa: «Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar – embora com modalidades diferentes –, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo actual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade».
Ontem, na liturgia, ouvimos a Parábola do Semeador. Que a exemplo dos beneditinos e do próprio Papa Bento XVI não nos limitemos em lançar sementes da Verdade e da Conversão para que a Palavra de Deus possa produzir frutos em abundância.
FONTE: O artigo de Marília Amaral nos foi enviado diretamente pela autora, tendo sido primeiramente veiculado pela Rádio 9 de Julho no dia 11 de julho de 2011. Sua reprodução é autorizada pela Rádio 9 de Julho.