Já havia lido na semana passada, mas foi aprovado ontem, dia 4 de julho, pela Câmara Municipal de São Paulo, em segunda discussão, por 40 votos a 14, o projeto de lei 303/2011, que fixa o subsídio mensal do prefeito Gilberto Kassab em R$ 24.117,62 a partir de janeiro de 2012. O salário da vice-prefeita, Alda Marco Antonio, passará dos atuais R$ 10.021,16 para R$ 21.705,86 e o subsídio mensal dos secretários municipais para exercício financeiro de 2012 passará de aproximadamente R$ 6 mil para R$ 19.294,10.
Votaram contra o projeto somente o vereador Cláudio Fonseca do PPS e os vereadores do PT: Adilson Amadeu, Alfredinho, Arselino Tatto, Aurélio Miguel, Carlos Neder, Chico Macena, Antonio Donato, Eliseu Gabriel, Francisco Chagas, Ítalo Cardoso, José Ferreira Zelão, Juliana Cardoso e Senival Moura.
A justificativa para tal aumento, segundo alguns vereadores, é de que um diretor de uma grande empresa tem um salário equivalente e que o prefeito de uma grande cidade como São Paulo teria uma responsabilidade tão importante quanto esse diretor ou até maior. A diferença meus queridos e minhas queridas ouvintes é que um diretor de uma grande empresa que deixe de cumprir suas metas, dificilmente ficará no cargo. A esses é exigida constantemente que se preste contas do que foi gasto, do quanto está sendo investido, qual é o melhor caminho para se ter o maior lucro gastando menos etc. Já o prefeito, no caso o Kassab, a vice e os secretários já deveriam ter sido "demitidos" pelo povo há muito tempo.
Para vocês terem uma idéia, segundo o jornal Folha de São Paulo de hoje, "a um ano e meio de deixar o cargo com a perspectiva de descumprir a maioria de suas promessas eleitorais, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) vê sua gestão gastar R$ 191 milhões com consultorias. O dinheiro é mais do que suficiente para construir os três hospitais prometidos pelo prefeito na campanha eleitoral e que não serão entregues até o fim do mandato". "Os três hospitais custarão ao todo R$ 120 milhões. Kassab prometia construí-los até 2012".
Ora, se é tão simples aprovar aumentos salariais vergonhosos para o prefeito e para os secretários, por que não aumentam o salário dos professores na mesma faixa? Não estou falando em proporção, porque 200% de uma miséria continua equivalendo a uma miséria, mas usem o mesmo peso e a mesma medida com que foi equiparado o salário do prefeito ao dos deputados estaduais. No programa CQC (Custe o que Custar) da Band, de ontem, o cantor e vereador Agnaldo Timóteo chegou a comparar o cachê cobrado por alguns artistas como Ivete Sangalo, Luan Santana entre outros, também para justificar o salário do prefeito.
Agnaldo, seria lindo um professor cobrar cachê para dar aula, ou na hora que você precisar de um médico ele cobrar cachê para te atender. Infelizmente, queridos e queridas ouvintes há uma inversão de valores na nossa sociedade. Precisamos urgentemente criar pastorais de fé e política em nossas paróquias para discutirmos o futuro da cidade. No próximo sábado, a das 9h30 às 11h30 acontecerá a reunião da Pastoral Fé e Política na Paróquia Santana, na Rua Voluntários da Pátria, 2060 (perto do Metrô Santana).
Não deixemos para 2012, precisamos iniciar urgentemente a discussão para saber em quem vamos votar e exigir de nossos representantes um compromisso ético com a sociedade. Enquanto isso, nós cristãos nos envergonhamos de ver a cruz de Cristo fixada num local onde o pecado pinta e borda.
FONTE: O artigo de Marília Amaral nos foi enviado diretamente pela autora, tendo sido primeiramente veiculado pela Rádio 9 de Julho no dia 05 de julho de 2011. Sua reprodução é autorizada pela Rádio 9 de Julho.