PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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XVI Semana de Fé e Política da RE Belém: Análise Econômica e Política

A segunda noite da XVI Semana de Fé e Política da Região Episcopal Belém com o tema Igreja e Sociedade contou com a assessoria do Economista Plínio de Arruda Sampaio Jr que nos apresentou uma análise de conjuntura global e brasileira nos aspectos econômico e político. Cerca de 150 pessoas participaram desta noite.

A mística inicial foi carinhosamente preparada e desenvolvida pelo Conselho de Leigos da REB que refletiu sobre as injustiças e as esperanças baseados no livro do Profeta Amós.

Em seguida, o assessor Plinio elogiou a iniciativa de refletirmos sobre fé e política.

Estamos em um momento de transição - o velho não morreu e o novo não entrou no lugar.

Período em que proliferam os oportunistas!

Política corre o risco de se tornar politicagem!

Propôs-se a abstrair questões partidárias.

Política - esforço de diferentes de controlar a mudança social.

Criação do novo = todos

Todos nós fazemos política ou omissão ou por ação, por consciência ou inocência.

Problemas históricos do Brasil

Transição do Brasil Colônia de ontem para uma sociedade democrática de amanhã.

Florestan Fernandes - o problema do Brasil é que ele não consegue resolver a herança escravagista (rico x negro).

O outro problema é o colonialismo, não estamos verdadeiramente independentes.

Estamos resolvendo os problemas fundamentais do Brasil?

1964 ou 1980 - melhoramos?

Melhoramos nos índices de inclusão, mas a educação enquanto qualidade vai mal.

Processo neocolonial.

Análise econômica

Na Economia a coluna vertebral é a indústria.

Estamos desindustrializando - um problema estrutural muito grave.

A crise brasileira é parte da crise econômica mundial

que é profunda e entra no 8o. ano.

Trata-se de uma grande crise.

É a 3a. grande crise do Capitalismo

 

Como sair da crise?

A luta política é uma luta de classes!? (Lucro ou trabalhador)

Quem vai arcar com o ônus da crise e quem vai ganhar?

É preciso entender as transformações que ocorrem no interior da crise.

 

Os americanos dão a solução americana.

À crise do neoliberalismo, neoliberalismo ao cubo = + mercado

Solução liberal = solução de mercado, do grande, do forte.

Ganha quem é o mais forte.

Metade das grandes empresas são americanas.

Diluem a digestão da crise no tempo.

A crise é do capital que comeu tanto, adquiriu tanta riqueza e não tem mais como digerir isso. Não tem como crescer!

A segunda solução é repassa para o vizinho = exportar a crise para o resto do mundo.

Desvalorizaram a moeda.

Mandaram os negócios para cá para ganhar dinheiro na especulação da dívida pública.

 

Europa em crise, elo fraco é a Grécia.

América Latina inteira em crise.

China em franca desaceleração.

Marx dizia que o alemão compensa sua miséria com a efervescência intelectual.

No Brasil compensação com a super miséria intelectual, com a ignorância.

 

A dívida pública brasileira multiplicou por 3.

Gasto real = educação, saúde, transporte.... = 0 (superávit fiscal = gastou menos que arrecadou).

Gasto financeiro = rentabilidade ao grande capital que veio especular.

Os banqueiros geraram esse déficit = agiotagem nacional e internacional = juros de cheque especial.

Rebaixa o nível de vida dos trabalhadores (atacando direitos) e

ataque à soberania dos estados nacionais (crise grega). A renda per capita diminuiu em 1/3 desde o início da crise e ataque à soberania nacional.

Faz parte da solução americana, aumentar a força das empresas mais fortes.

Chamam de integração profunda da economia mundial = acordo de livre comércio.

O Brasil está sendo rebaixado à 3a. divisão da crise mundial.

O mesmo  dinheiro que entra, provoca a crise quando sai. Assim aconteceu com o Brasil.

Na euforia acreditou-se que entrávamos no 1o. mundo.

O Brasil não tem competitividade para competir com EUA, Alemanha e Japão.

Nem salário tão baixo para competir com a China.

Temos agronegócio (muita terra, monocultura, mão de obra barata, depredando o meio ambiente = latifúndio).

 

Chega no Brasil, por ajuste.

Ajuste das condições de vida do brasileiro às exigências do grande capital.

 

Curto prazo

Diminuiu a rentabilidade das empresas e resolvemos com o aumento da taxa de juros.

Para o empresário tem política =  arrochar salário, criar desemprego para disciplinar a classe trabalhadora/terceirizamos o trabalho.

O 3o. grande negócio é a privatização de portos, aeroportos, saúde.

Médio prazo

Recuperação temporária = absoluta má fé.

Recessão sem perspectiva de sair dela, pois depende da economia mundial.

A crise mundial não tem sinal de rápida recuperação.

Longo prazo

Ajustar o Brasil à nova divisão nacional = rebaixar o nível de vida dos brasileiros.

Trabalhador de feitoria.

Esvaziar a soberania nacional = enfraquecer a autonomia do Brasil.

No Brasil não temos rede de proteção, bate e chega de forma intensa aos mais fracos.

Vai provocar o quê?

Aprofunda o processo de regressão neocolonial = incapacidade dos brasileiros de resolver seus problemas fundamentais.

 

Análise política

Não temos atores identificados, como tivemos antigamente.

Temos o Partido do ajuste apenas.

Precisamos de Partido do Antiajuste.

 

2 determinantes fundamentais

Fim da paz social = moçada na rua passou sabão nas autoridades

Falência do melhorismo = política que não ataca nada de fundamental e traz pequenos avanços.

 

O povo diz "não quero migalhas, quero mudanças significativas".

A classe média está irada, porque tem privilégios absurdos que estão sendo cortados.

A crise pega nas condições de desigualdade.

 

Juntando a crise econômica com a política

O Brasil enfrenta um momento muito importante = fim do ciclo de 64 (reforma agrária, educação pública, autonomia).

Veio a nova República, a redemocratização.

Ciclo Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma esgotou-se.

A moeda de interesse do Brasil Colônia era o negro, a escravidão.

Hoje a moeda é a super-exploração do trabalho. Trabalho super explorado.

Os ricos já entenderam = vai ter em contraponto ao melhorismo o piorismo (arrocho, exploração).

Se não podemos fazer melhorismo, temos que criminalizar a luta social, a crítica.

A burguesia soltou seus radicais na rua, fala de golpe militar.

 

A Igreja tem responsabilidade nisso e felizmente tem um comandante latinoamericano que sabe disso.

É tarefa da Igreja ajudar nessa análise.

Questões de debate com os participantes:

Análise da exploração do pequeno como parte da crise.

Como sair disso?

 

Relação de autonomia com o meio ambiente.

Quanto menos soberania nacional, maior depredação do meio ambiente.

 

Temos que criar mecanismos nossos para chegar nos pontos de dominação.

Existe um interesse de que não entendamos o que acontece.

A discussão em 64 era de resolver o problema com a revolução que não houve.

Os que querem mudar o Brasil. Revolucionários.

Os que querem manter como está. Contra revolução. Partido da Ordem. Contra  a Reforma agrária, urbana, política, tributária...

Precisamos organizar o povo!

Construir força política (conversa séria para formar as bases) para uma ruptura profunda.

São necessárias mudanças profundas e rupturas com o sistema.

 

Radicais nas Igrejas.

Teologia do opressor - cresce porque a vida das pessoas é uma barbárie, oferecem "conforto".

Cresceram no seu trabalho de base.

 

Produção de conhecimento

O capital controla o conhecimento pelos computadores, que esvazia ainda mais o trabalho.

Colocar o conhecimento a favor do ser humano.

 

Partido da Ordem e Contraordem

O PT é funcional ao capital, à direita, à burguesia.  

Burguesia esta que não é simpático à sua origem e vai manter até quando houver interesse.

 

Quem são os donos do Brasil?

A plutocracia, os super ricos.

O capital internacional e a burguesia interna.

A imprensa é um monopólio de menos de 10 famílias.

O agronegócio serve a 5 famílias.

 

Relação da Igreja com o trabalho do Brasil.

Não sou a pessoa adequada para responder.

Igreja precisa se posicionar ao lado do trabalho e não do capital.

 

Soluções?

Não tem solução fácil = solução é enfrentar a escravidão com a revolução.

Não será resolvido com pequenas melhorias.

 

Fonte: Artigo publicado em nosso site diretamente pela autora.

Márcia M. de Castro

Márcia M. de Castro
Márcia Mathias de Castro é fonoaudióloga, membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi (RE Belém). Também é colaboradora da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz - SP), participou da Escola de Governo e do Movimento de Integração Campo Cidade (MICC).