PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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XVII Semana de Fé e Política da RE Belém: Ver

Iniciou ontem a XVII Semana de Fé e Política da Região Episcopal Belém. Nesta primeira noite refletimos sobre o Ver com uma Análise de Conjuntura. A mística inicial foi preparada pela Pastoral da Juventude que refletiu sobre o contexto político do início da Região Belém há 40 anos atras. Ouça também o nosso comentário sobre este tema no arquivo de áudio do final dessa página.

Em 1976, tempos de ditadura militar surge uma luz que é a Região Episcopal Belém e dela outras luzes são acendidas como a Pastoral da Criança, Pastoral do Menor, Movimento de Saúde, Movimento de Moradia, Pastoral da Juventude e outros.

 

Os jovens ofertaram sal aos presentes e os convidaram a dar sabor e serem luz diante da realidade de hoje. 

Mateus 5

 13 «Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.

14 Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.» 

Em seguida o assessor da noite, Américo Sampaio, sociólogo, membro da Escola de Governo e da Rede Nossa São Paulo nos apresentou elementos para realizar uma Análise de Conjuntura - Ver a realidade.

 

Seguem alguns pontos da análise:


Quem comanda as decisões politicas do nosso pais?

 

  • Poder econômico
  • Donos da propriedade
  • Traço é a distinção, o preconceito e o autoritarismo.
  • Ultimos 15 houve redução da desigualdade, sem acompanhamento do desenvolvimento da consciência política.

Redução da desigualdade acompanhada de consumismo.
Nao veio com consciência.

 

Espírito da distinção e do preconceito.
Exemplo: comentários sobre ciclovias, cotas para negros, uniao homoafetiva etc.

Preconceito, racismo e distinção caracteriza a sociedade brasileira. 

Sociedade brasileira é desigual e isso não choca.

O que choca é a igualdade, a inclusão! 

Choca que a filha da empregada tenha as mesmas oportunidades que a filha do patrão.
Choca falar de cota para negros

Contexto conturbardo

 

Impeachment caracterizado pelo golpismo

Gestão consolidou um processo que já vinha sendo gestado.

Quem desestabilizou o país foi a elite do dinheiro.

Estabilizar um projeto racista, conservador, homofóbico.

 

 

Qual é o novo cenario politico?

Luta de classes nao é novidade.
Projeto das elites nao é novidade.

 

Novidade é a sincronia entre o projeto racista, a exclusão, a distinção e o governo.
Sincronia preocupante, nao só nosso no Brasil.

Conservadorismo nos EUA, na Europa...


Fenômeno global

Consolidacao de projeto conservador que tomou as rédeas do Estado.

 

O que está em jogo é a democracia, a forma de nos relacionarmos.
Forma pela qual a sociedade se transforma.


Dois elementos de desativação do Estado Democrático de Direito:

 

1o. Desativação das Políticas Inclusivas

Desativação das politicas para minorias, da garantia de terra para índios, das políticas de combate à miséria, da garantia de ingresso de jovens à universidade, da educação gratuita.

Faz-se isso legalmente

  • Edita uma lei
  • Faz um decreto
  • Descaracteriza uma política pública.

 

O que significou os governos do PT?

Foram mais travas do que protagonistas, travas aos desligamento das políticas públicas.

 

Na conjuntura atual, perdemos as travas.

 

Estado brasileiro voltado para as elites.
Diariamente temos notícias de perdas de direitos.

 

2o. Desdemocratização da sociedade
Retira a democracia, sem causar comoção social, de forma estratégica, se estimula o ódio.

  • Projeto escola sem partido
  • Criminalização dos movimentos sociais

 

 

Retira a substância democrática da sociedade, implantando o ódio.

 

Retomando, democracia é a forma como a sociedade se transforma.

Nossa liberdade está em jogo.


Liberdade é somente realizada no coletivo.
Liberdade é nossa capacidade de transformar o mundo.

Cenário perigoso.


Disputa radical, violenta e raivosa pelo papel do Estado.

 

Papel do Estado não é o de mediar acordos. 

Papel do Estado é garantir direitos.

Ajuste fiscal
Nos dizem que a Constituição Federal não cabe no orçamento, mas não nos contam que a dívida pública come 1/3 do orçamento = um trilhão e meio é divida da União.

 

São dos grandes empresários, das grandes empresas, dinheiro para os banqueiros.

 

A sonegação fiscal chega a casa de 500 bilhões por ano.
As isenções fiscais em torno de 500 bilhões.

 

Nos convencem de que não tem dinheiro e por isso a dificuldade para as políticas públicas.


Discurso da ineficiência das políticas públicas.

Nós, trabalhadoras e trabalhadores, comecamos a comprar esse discurso.

 

De outro lado
Defesa da meritocracia
Chama-se educação de gasto, não é investimento.


Trazem para a sociedade a disputa por espacos.

Esse cenário vai ser impactante das eleições municipais.

O futuro da democracia no Brasil é uma incógnita.
As eleições serão extremamente nacionalizadas.
Essas discussões virão para o Plano Municipal, com maior intensidade nas metrópoles.

 

Disputa radicalizada, proeminente.


Fazer o debate na cidade é mais próximo e mais fácil.
A disputa vai se espelhar nesse debate.
Modelo da creche publica ou conveniada?
Iluminação de qualidade no centro ou na periferia?
Como vai se dar essa disputa daqui para a frente?

 

As eleições municipais desse ano serão ótimo termometro para discutir o modelo de gestão.

Podemos assistir a mais um passo de um projeto conservador.

 

Impacto
Orçamento da capital vai cair 3 bilhões, conforme indicam as projeções.
A capacidade de investimento da Prefeitura vai cair.

A forma como as cidades são governadas pode sofrer imenso retrocesso na 
mobilidade,  creche,  fornecedores dos serviços...

 

O modelo nacional vai ser municipalizado.

Discurso da eficiência do Estado

Privatiza tudo
Meritrocracia

 

Talvez sejam nas grandes metrópoles que surja a resistência.

  • Secundaristas - ocupam para dar seu recado
  • Movimentos de moradia
  • Coletivos
  • Grupos feministas
  • Frente povo sem medo 

 

São sinais de esperança.

 

Anunciam surgimento de nova política

Não são sindicalizados, nao são de partidos políticos.
São horizontalizados, sem grandes liderancas, muito tecnologizados.

 

Como avancar com a luta?

  • Busca da democracia direta
  • Participação do povo nas tomadas de decisões da cidade
  • Eficiência da soberania popular

Fortalecimento dos espaços de participação popular
(Audiências publicas não garantem nosso direito à participação, como um exemplo).


Mecanismos de democracia direta - plebiscito e referendo para consultar a população antes das grandes decisões.

 

Como exercer controle social (soberania popular ) se uma empresa gerindo?

Qual a importância de uma política se o povo não participa?

 

Cidades surge a nova política, nova resistência.

 

Disputa do papel do Estado - ideologia

Combate a desigualdade
Prefeitura que garanta direitos

 

Não podemos assistir o Estado que garanta o menos possivel, para gerar disputa entre as pessoas. 

Luz do passado do nosso querido Waldemar Rossi :

 "Vamos construir um novo projeto de uma cidade que governa para os pobres".

 "Não vamos nos ater nas aparências, mas buscar as essências, as raízes dos problemas".

 "Lutar e lutar"

 

 Não vão acabar com nossa esperança, vamos construir um projeto popular.

 

 Américo lembra que Chico Whitaker menciona D. Paulo

Ter paciência e não desistir nunca.

Não ter medo

 

Canto:
Iracema nos convidou a cantar:
 
Eu quero ver, eu quer ver acontecer
Um sonho bom, sonhos de muitos acontecer
Sonho que sonha só, pode ser pura ilusão.
Sonho que se sonha Juntos, é sinal de solução.
Então, vamos sonhar, companheiros,     
Sonhar ligeiro, sonhar em mutirão.

 

Em seguida o assessor respondeu à alguns questionamentos:


Defender a democracia como se o Plebiscito aprovado na Câmara foi vetado pelo prefeito?

 

Luta iniciada em 1993 com Chico Whitaker
Mobilizou muitos grupos
Articulou bancada pró plebiscito

 

Nota sindicato da construção civil

Haddad argumentou questões técnicas.

Campanha pela derrubada do veto do prefeito


Orcamento para a infância na cidade de São Paulo. Partiu de 12 milhões, cortado para 6 milhões em 2016 e para 2 milhões  em 2017. Como?

 

Fortalecer e ocupar espaços participativos
Cabe a nós, criarmos as condições necessárias para construir essa nova política.
Mecanismo de democracia direta

Eleger subprefeito diretamente

Referendar secretários municipais

Recall - Após 2 anos de mandato


O Governo PT teve apoio das classes dominantes!?

 

Estudo dos votos do Lula por  André Singer
1o mandato menos votos das camadas populares
2o mandato sim

O PT optou por um modelo de conciliação que mostrou ter um prazo de validade curto.

Inclusão gerava lucro, mas isso se esgotou.
Classe média ficou confortável
Os extratos mais pobres da sociedade cresceram, acréscimo de qualidade de vida
Os mais ricos também cresceram

O que achatou foi a classe média (setor conservador e preconceituoso)
Classe média não aceita comprar carro a prazo, como o porteiro.

A igualdade incomoda.

 

Nosso sistema político é falido

Cidade organizada em pequenos feudos, onde os vereadores fazem coronelismo forte.

 

Reforma política é pressuposto básico para funcionamento dos conselhos.

 

São Paulo tem um dos maiores PIBs do mundo, porque a gestão tão centralizada?

 

Participação passa pela noção de direito e de cidadania. 

Fonte: Artigo publicado em nosso site diretamente pela autora.

 

Márcia M. de Castro

Márcia M. de Castro
Márcia Mathias de Castro é fonoaudióloga, membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi (RE Belém). Também é colaboradora da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz - SP), participou da Escola de Governo e do Movimento de Integração Campo Cidade (MICC).