No Brasil a resolução de crimes graves contra a vida pela polícia civil é baixíssima, em torno de 10%. Sabemos que os jovens de 16 e 17 anos são muitíssimo mais vítimas do que agressores.
Sabemos que o ECA é uma legislação adequada e apropriada, que mais irá se tornando eficiente quanto mais se consolidar um regime de superação da extrema pobreza e da desigualdade, em que a melhoria da qualidade de vida nas periferias das cidades permitirá que a situação de infração e delinquência venha a ter, progressivamente, maior atenção, promovendo de fato a reinclusão, a reparação.
Sabemos que a educação pública oferecida aos mais pobres atualmente é muito frágil, apesar de professores no mais das vezes abnegados (mal pagos em escolas desaparelhadas) e capazes.
Também sabemos que vivemos a realidade do encarceramento em massa prendendo milhares e milhares de jovens de 18 a 20 anos, em sua maioria por crimes contra o patrimônio ou suposto tráfico de drogas, muitas vezes com sérios erros processuais, falsos flagrantes, porte tratado como tráfico, prisões provisórias sem lastro legal.
Contra a redução da maioridade penal para 16 anos!!!! Que não vale nem é utilizada na maioria dos países. E que onde vale não reduz, de per si, a violência nem dissuade quem, por diversas razões acaba cometendo crimes de maior gravidade.
Por um pacto de melhoria e ampliação da oferta de ensino fundamental e médio para as crianças e jovens de 12 a 18 anos!!! O que temos que fazer é uma discussão profunda sobre as razões e tipologias dos homicídios, que apenam, em sua imensa maioria, os mais pobres, como um subproduto de uma sociedade excludente, segregadora. E democratizar as instâncias do sistema de justiça e segurança pública, que mantêm ativos os dispositivos de combate a um suposto inimigo interno, sob o estereótipo da nossa juventude negra, pobre e periférica.
Fonte: Reprodução autorizada pela Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz SP) e pelo autor.