Em novembro de 2014, iniciamos a Pastoral Fé e Política na Paróquia São João Batista em Ribeirão Preto - SP. Fazendo reuniões regulares quinzenais, abordando temas sugeridos ou mesmo que estivessem na mídia. O convite era feito através de avisos no final da missa, mural e um espaço no jornalzinho da Paróquia.
Iniciávamos com uma oração e em seguida fazíamos uma partilha a partir do método: ver, julgar e agir. Depois um gesto concreto era votado para colocarmos em prática nos próximos 15 dias.
Exemplos de gestos concretos: conscientizações que fazíamos no final das missas e cartazes colocados no mural da igreja.
Também organizamos o Comitê para coletar assinaturas da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas CNBB, OAB e MCCE e outras entidades para o projeto de Lei de Iniciativa Popular, cujo conteúdo da maior importância é a proibição do financiamento privado para campanhas eleitorais. Tivemos alguma dificuldade quando as pessoas queriam assinar, mas não tinham o número do título eleitoral. Mesmo assim coletamos um grande número de assinaturas.
Convidamos algumas pessoas para abordar temas propostos em reuniões. Dentre eles, destaco o esclarecimento sobre conselhos e comissões populares, criado através do DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014, que instituía Política Nacional de Participação Social - PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social - SNPS proposto pelo governo em 2015. Bastante polêmico, porque a oposição o criticava, com o argumento de que o Governo queria limitar o poder de legislar da Câmara dos Deputados.
Ainda como palestrantes, foram vereadores, membros de conselhos como da saúde e tutelares, bem como representantes de bairro, suplentes de vereadores e candidatos que não conseguiram se eleger. Sendo muito produtivas estas palestras no sentido de esclarecer, sugestões e partilha das ideias produzidas, porque todo final de reunião tínhamos um debate.
Na paróquia há todo ano a Feira Bíblica onde diversos livros são representados com arte como teatro, esculturas, pinturas, vídeos, cartazes, apresentações, jogral, etc. Cada movimento, pastoral ou serviço fica responsável por uma parte. A Pastoral fazia, a partir do livro sagrado, atualizações da política com os diversos meios de representação, sendo uma delas um vídeo em que o Papa Francisco dizia: “Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós cristãos não podemos brincar de Pilatos, lavar-nos as mãos. Devemos envolver-nos na política, porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque procura o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar em política. Você me dirá: Não é fácil. Mas também não o é tornar-se padre! A política é demasiadamente suja, mas é suja porque os cristãos não se envolveram com o espírito evangélico. É fácil dizer: culpa daquilo… Mas eu, o que faço? Trabalhar para o bem comum é dever do cristão.” A partir dele conversamos muitas coisas importantes com as pessoas que por ali passavam.
Fizemos também uma parceria com o Grupo Ação Pró Cidadania (GAPCI) que é um movimento cívico, voluntário, apartidário, ecumênico e sem fins lucrativos. Fizemos um trabalho de fiscalização junto aos vereadores, produzindo um folheto trimestral distribuídos em escolas, repartições publicas e paróquias, relatando os trabalhos dos vereadores e pontuando-os.
Quando iniciamos a Pastoral Fé e Politica, acreditávamos numa adesão maior das pessoas em busca de informações sobre temas importantes e que resultasse na escolha correta de candidatos e mobilizações em busca de melhorias na vida da comunidade. Embora o número de pessoas não fosse expressivo, mas a qualidade das interações compensava. A informação é a chave para decisões tão importantes e que afetam a todos.
“A Reforma Política é importante, mas nenhuma reforma será maior do que a conscientização popular.” Victor Bello Accioly
Marcos Adauto Ribeiro
Membro da Pastoral Fé e Politica de Ribeirão Preto (SP)
Fonte: Pastoral Fé e Política de Ribeirão Preto (SP). Divulgação.