PASTORAL FÉ E POLÍTICA

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IPDM - Princípios da Identidade

«Igreja – Povo de Deus – em Movimento»

PRINCÍPIOS DA IDENTIDADE

(Texto revisado em 1º /11/2012. Lançado publicamente em 15/11/2012)

1. Cremos em Jesus Cristo, o Profeta Enviado do Pai (Lc 4,14-22-a), proclamador e instaurador do Reino de Deus.  Somos  «Igreja – Povo de Deus – em Movimento», encontro de cristãos – leigos e leigas, religiosos e religiosas, padres e membros de outras confissões – que animada pelo Evangelho do Reino, revelado plenamente em Jesus de Nazaré, o Senhor Ressuscitado, reúne-se segundo o ensinamento e Tradição do Concílio Vaticano II, e das conclusões das Conferências do Episcopado Latino-Americano, do conjunto dos documentos da Conferência dos Bispos do Brasil e dos planos pastorais, suscitados pelo Espírito Santo. Temos plena e total consciência do chamado do Senhor Jesus, para que sejamos construtores e participantes da «vinha do Senhor» (Mt 20,3-4).

2. «Nos nossos dias, a Igreja do Concílio Vaticano II, numa renovada efusão do Espírito de Pentecostes, amadureceu uma consciência mais viva da sua natureza missionária e ouviu de novo a voz do seu Senhor que a envia ao mundo como «sacramento universal de salvação» (CL, 2 apud LG, 48). Passados 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, que significou «uma nova primavera» para a Igreja – Povo de Deus – a aplicação do Concílio em sua trajetória encontra desafios interna e externamente. Hoje, o conjunto e a complexidade desses desafios se traduzem naquilo que se chama de «mudança de época».

3. «Igreja - Povo de Deus - em Movimento», reassume as novas perspectivas teológicas e, consequentemente, as suas propostas pastorais: a ‘opção pelos pobres’ (Medellin, 1968), a ‘comunhão e participação’ (Puebla, 1979), o ‘protagonismo dos leigos’ e a ‘inculturação da fé’: (Sto. Domingo, 1992), uma ‘igreja em permanente estado de missão’ que deve ser protagonizada pelos ‘discípulos missionários’ nesta ‘mudança de época’ (Aparecida, 2007) considerando os novos sinais dos tempos (cf. VD, 100).

4. É preciso resgatar o memorial libertário da fé cristã,  sempre mais «olhar para trás» e ver a caminhada histórica, mas e – ao mesmo tempo - «olhar para frente» e redescobrir no conjunto da caminhada do Povo de Deus, as experiências acumuladas pelos protagonistas em sua pluralidade. Os  desafios do mundo contemporâneo devem ser enfrentados com realismo e profetismo.  A única garantia de futuro é a coragem de renovação.

5.  «Igreja – Povo de Deus – em Movimento» vive nos atuais tempos uma «hora magnífica», mas ao mesmo tempo dramática. Novas situações, tanto eclesiais como sociais, econômicas, políticas, tecnológicas e culturais, reclamam hoje, de todos com força, toda particular, ações articuladas, estratégicas, fecundantes, transformadoras. Se o desinteresse foi inaceitável, os desafios do tempo presente não toleram ócio e inércia. Reassumimos o método ver-julgar-agir-avaliar-celebrar.

6. «Igreja - Povo de Deus - em Movimento» pretende, no pluralismo cultural e religioso, contribuir na construção de uma ética voltada para a sustentabilidade socioambiental do Planeta. Reconhece a importância da ação política e da união entre a fé e a vida, e se compromete com práticas e opções na promoção da dignidade dos pobres e na melhoria das condições de vida dos excluídos e sofredores da sociedade. A mística com o cuidado da «casa comum» - oikós – é compromisso da «Igreja – Povo de Deus – em movimento».

7. A dinâmica e o conteúdo de «Igreja – Povo de Deus – em Movimento» vão-se construindo ao longo de sua caminhada. «O Senhor disse a Moisés: ´Por que clamas por mim? Dize aos filhos de Israel que marchem´» (Ex 14 15).

8. «Igreja – Povo de Deus – em Movimento», na perspectiva de sua dinâmica e conteúdo, deseja animar e estimular seus participantes a atuar firme, criativa e corajosamente em três amplos campos da vida humana. 

No campo de vida da pessoa: promover sua dignidade em suas diversas situações, resgatando sua cidadania plena em todos os âmbitos de realização possíveis.

No campo da comunidade: combater todo tipo de ações que fragmenta a vida e suas relações internas, conduzindo-a, geralmente, à comunidades fechadas em si mesmas, desarticuladas e isoladas. Promover o diálogo como ferramenta e meio essencial tanto no interior das comunidades e grupos assim como com as forças políticas e os diversos Movimentos sociais e culturais locais. Urgem novas formas de articulações entre os diversos grupos de cristãos para um «planejamento comum» e definições de ações que promovam a comunhão e a participação de todos . «Abertas ao Espírito, as comunidades se abrem ao diálogo com as forças vivas da sociedade, construindo parcerias e enriquecendo-se mutuamente» (DGAE – 2008-2010, 165).

No campo da sociedade:  colaborar com a construção de «outro mundo possível» marcado pela solidariedade, diálogo interreligioso, pelas questões de gênero, pela diversidade sociocultural, banindo o escândalo da exclusão e da violência.  A opção evangélica pelos pobres não pode ficar restrita a um plano teórico e emotivo (Cf. DA, 394).  Por isso, combater a «cultura da morte» presente em todos os níveis da sociedade; em contrapartida, promover a «cultura da vida» que liberta. Igreja – Povo de Deus – em Movimento» se traduz em ações verdadeiramente comprometidas com Movimentos sociais e políticos legítimos empenhando-se por políticas públicas, segundo as diretrizes e afirmações da Doutrina Social da Igreja, para o desenvolvimento de uma «economia solidária».

9.  «Igreja –Povo de Deus – em Movimento»  se compromete em formar missionariamente seus participantes para atuarem nos «novos areópagos». A complexa urbanização nos últimos trinta anos - rápida e violentamente - vem alterando e configurando com novos cenários desafiadores a realidade brasileira, inclusive culturalmente. É urgente pensar na criação de «comunidades em redes» e em ambientes especializados, em meio à complexidade da vida urbana, como o universo da educação e dos meios de comunicação, sobretudo as novas mídias e tecnologias.

10. «Igreja – Povo de Deus – em Movimento» roga: «Fica conosco, Senhor!» (cf. Lc 24,29).

Fica conosco, Senhor, acompanha-nos ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.

Fica conosco, porque ao redor de nós as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.

Fica conosco, Senhor, quando ao redor de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.

Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.

Fica, Senhor, com aqueles que em nossas sociedades são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade.

Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos! Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários! (DA, 554). Fortalece sempre mais a caminhada de tua «Igreja – Povo de Deus – em Movimento».

Autoria:

Povo de Deus: leigos e leigas, religiosos e religiosas e padres da Diocese de São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo.

 

Fonte: IPDM, divulgação pública.

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