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5ª SSB e o Grito dos Excluídos

Estamos na Semana de Pátria e nesta semana se realiza em Brasília a etapa nacional da  5ª Semana Social BrasileiraUm Novo Estado, caminho para uma nova sociedade do Bem Viver” “Estado para que e para quem?” Quero partilhar com vocês a análise do Padre Nelito Dornelas, coordenador da 5ª Semana Social Brasileira para Jeane Freitas, Jornalista da Cáritas Regional Ceará sobre este processo.

A 5ª SSB está sendo construída em sintonia com o Grito dos Excluídos que esse ano celebrará sua 19ª edição. Com o tema ‘Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular’ o grito terá a cara das juventudes do Brasil que se expressaram de forma tão brilhante nas manifestações e no encontro com o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

A quinta SSB conseguiu atingir todos os Estados da Federação envolvendo escolas, universidades, câmaras municipais, assembleias legislativas, pastorais sociais, movimentos populares e, sobretudo, os vitimados pelas políticas desenvolvimentistas do Estado como indígenas, quilombolas, pescadores, vitimas das atividades mineradoras e das obras da copa. Como produto final, teremos um bom diagnóstico da realidade brasileira com a tomada de consciência e o despertar de novos sujeitos sociais.

Nas cinco edições das Semanas Sociais houve um crescente aprofundamento nos debates, culminando na compreensão das raízes da problemática social brasileira. A primeira Semana Social debateu sobre o mundo do trabalho, a segunda sobre a exclusão social e os novos sujeitos e protagonistas, a terceira sobre as dívidas, a quarta sobre a sociedade brasileira e a quinta sobre o Estado.

Ao debater sobre o Estado, todas as questões sociais apontadas se encontram e se reconhecem em um único e maior elemento originante de todas elas: a estrutura excludente do Estado brasileiro.

Tivemos significativos avanços nas políticas sociais, sobretudo, na última década, mas o Estado brasileiro ainda permanece omisso na resolução dos problemas estruturais da sociedade, particularmente aqueles referentes às áreas de saúde, educação, acesso à terra urbana e rural, à distribuição de renda e à segurança dos cidadãos. Ainda é um Estado conservador na sua forma de fazer política, reproduzindo os vícios do autoritarismo, do patrimonialismo e do clientelismo, sinais evidentes de esgotamento da democracia representativa.

Vivemos também a contradição entre o crescimento econômico de um lado e a exclusão social do outro.

A quinta SSB quer criar canais de diálogo e de participação efetiva, para que a sociedade civil encontre mecanismos jurídicos que coloquem o Estado em movimento na direção da massa dos excluídos, ouvindo os seus clamores. Queremos, para além da democracia representativa, uma efetiva democracia participativa e direta.

A Igreja tem procurado ser, através das Semanas Sociais, uma presença viva na sociedade que pode ser classificada como: companheira, memória e profecia. Como companheira, faz-se cada vez mais peregrina na história, contemporânea da humanidade, sobretudo dos mais esquecidos e abandonados, os pobres, excluídos e descartados pelo sistema econômico, compartilhando com estes seu destino e seus sonhos. Como memória, coloca-se atenta aos acontecimentos do presente e do passado, apoiando a Comissão da Verdade, solidarizando-se com as vítimas do Estado no período ditatorial, vigilante e atenta na defesa das liberdades e da democracia. Como profecia, faz-se porta voz dos movimentos da sociedade, suas criticas e suas denúncias.

O debate sobre o Estado, lançado nas ruas, pela 5ª SSB, pelas manifestações e pelo Grito dos excluídos, quer contribuir na superação da contradição brasileira de ser a sexta potência econômica mundial e a 184ª em desigualdade social. Com o lema do Grito: juventude que ousa lutar constrói um projeto popular, queremos resgatar e ampliar os mais variados gestos de construção de um novo Estado. Queremos que o Estado brasileiro se coloque a serviço da sociedade, para que esta seja fortalecida e promova o bem comum. As juventudes exigem novas estruturas de participação democrática, sustentado a democracia direta como forma legitima de governo da sociedade brasileira. A convergência de todas estas manifestações poderá significar um basta à existência de um Estado mantenedor das políticas gerenciadas de costas viradas aos legítimos anseios de uma nação.

Amanhã em todo o país dá-se o Grito dos Excluídos. Aqui em São Paulo o GRito inicia-se com a Santa Missa na Catedral as 8:00 e  em seguida caminhada até o Ipiranga. Vamos participar!

 

Fonte: Programa apresentado na Rádio 9 de Julho em 06/09/2013. Reproduzido aqui com autorização da autora.

Márcia M. de Castro

Márcia M. de Castro
Márcia Mathias de Castro é fonoaudióloga, membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi (RE Belém). Também é colaboradora da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz - SP), participou da Escola de Governo e do Movimento de Integração Campo Cidade (MICC).