Cerca de 500 pessoas participaram na manhã desta Sexta-feira Santa, 29, da “Via Sacra do Povo da Rua”. A concentração e primeira estação acontecerem em frente a Estação Julio Prestes, próximo a Sala São Paulo. Este ano o tema foi “Onde o Povo da Rua e crucificado?”. O padre Julio Lancellotti, vigário da Pastoral do Povo da Rua, destacou que é preciso lutar por políticas públicas integradas, ações que unan os governos Federal, Estadual e Municipal.
O padre aproveitou para, mais uma vez, destacar a metodologia do trabalho usado pelas entidades sociais e religiosas e, também, criticar a politica de internação compulsória afirmando que “tratamento mais eficaz, não é a internação compulsória” .
Quanto ao preconceito e estereótipo, por parte da sociedade, em relação ao morador de rua, o vigário salientou que “nem todo morador de rua usa crack e, nem todo usuário de crack mora na rua”.O cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, participou deste momento de oração junto ao Povo da Rua. Ao explicar o sentido da Sexta-feira Santa, dom Odilo lembrou que a Igreja rememora a crucificação de Jesus Cristo e, também recorda “que isso continua acontecendo, como a Igreja já disse mais de uma vez, é no rosto e na condição de tantas pessoas sofridas, hoje condenadas injustamente, desprezadas, abandonadas é nessas pessoas que a Paixão de Jesus continua a acontecer”.
Em uma das paradas, Dom Odilo foi informado pelo Padre Julio que Dom Milton, bispo auxiliar da arquidiocese e vigário da Região Brasilândia, não estava presente, pois havia acabado de sair do velório de dois jovens que foram assassinados na noite da última quarta-feira, 27.
O cardeal aproveitou o momento para chamar a atenção para o crescente aumento da violência na cidade, “como se pode chegar a este ponto em que a vida do povo não vale nada?”. O arcebispo afirmou que é preciso dar um basta na violência e pediu que “Deus tenha piedade” da cidade de São Paulo.
A Via Sacra foi finalizada em frente ao Centro de referência de álcool, tabaco e outras drogas (Cratod). Dom Odilo lembrou que Jesus teve, durante a Via Crucis, pessoas que o ajudaram, e destacou que os moradores de rua, assim como Jesus, tem a ajuda das entidades que ali trabalham para, tentar amenizar o sofrimento deles.
Fonte: Arquidiocese de São Paulo (ASP), texto de Edcarlos Bispo