PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

ptarzh-CNenfrdehiitjarues

Temos 257 visitantes e Nenhum membro online

Encíclica Papa Francisco - "Louvado Seja"

Traremos a vocês uma reflexão de Roberto Malvezzi sobre a Encíclica publicada esta semana do Papa Francisco. A seguir, teremos o áudio da rádio trazendo mais reflexões. No final do post traremos você um link com a Encíclica completa. Além disso, está disponível material complementar. 

 “Louvado Seja”, Papa Francisco

A encíclica ecológica do Papa começa na dose mais vasta e profunda que poderia ter: “Nós somos terra. Todo nosso corpo é constituído de elementos do planeta, seu ar é aquele que nos dá a respiração e sua água vivifica e restaura” (Tradução pessoal do texto italiano, número 2).

Esse é ponto de partido exato de qualquer reflexão sobre a vida sobre a Terra. Do ponto de vista biológico, somos qualquer animal, parte da terra, dependentes dela e, sem água, sem comida, sem ar, sem um ambiente próprio para a vida, morremos como todos os outros animais.

Lembrando São Francisco, o Papa diz que a Terra é “mãe e irmã”. Portanto, toda a comunidade da vida só pode ser entendida nessa irmanação universal.

cf-2011O Papa não esquece, desde o início da encíclica, de lembrar que a Terra está “oprimida e devastada” e, retomando Paulo em Romanos 8, reafirma que ela “geme em dores de parto”.

Retoma Paulo VI no número 5 e recorda que os avanços técnicos, científicos, se sozinhos, podem conduzir a Terra e a humanidade a uma catástrofe, se não forem acompanhados de um autêntico desenvolvimento “social e moral”. Portanto, retoma a questão ética colada à técnica.

E propõe como saída a mudança do estilo de vida, também no modo de produção e consumo. E retoma Bento XVI para reafirmar que o problema é “estrutural”.

Ainda como fundamento da reflexão, Francisco lembra que a destruição do ambiente está vinculada à uma cultura de morte, que agride também o ser humano. Essa realidade a Pastoral da Terra experimenta e reflete há anos: “aqueles que destroem as florestas e rios, são os mesmos que mataram Chico Mende e Irmã Dorothy”.

O Papa segue a partir daí com fatos já sobejamente conhecidos: consumismo, deflorestação, lixo, mudanças climáticas e todas suas causas e efeitos, etc., fazendo do planeta um “lugar de imundícies” (número 24).

Destaca a questão da água e da biodiversidade, inclusive da invisível, fundamental para os solos, plantas e reprodução da vida (número 34).

Francisco ainda chama a atenção que “o grito da Terra é o grito dos pobres” (49), realçando que a questão é socioambiental.

No número 41 o Papa toca o dedo na ferida, afirmando que a responsabilidade fundamental por essa crise vem do Norte, dos países desenvolvidos, que exploram os países do sul, inclusive transferindo para esses a produção suja, que não querem ter em seus próprios territórios. Aquilo que chamamos de “injustiças socioambientais”.

Na parte do “julgar” – não está com esse nome, mas o documento segue a lógica do Ver, Julgar e Agir – a ênfase será no texto bíblico do “cultivar e guardar” (Gen. 2,15), no Cristo Cósmico e na redenção da criação (Rom. 8).

No agir, assume praticamente todas as boas lutas socioambientais que fazemos – agroecológica, energia, transportes, preservação das florestas, cidades dignas do ser humano, mecanismos globais para controle do efeito estufa, mudanças climáticas, etc. -, portanto, nada de novo. Por fim, a necessidade de mudar o “modelo global de desenvolvimento”(194). Essa é a grande síntese.

Para nós, cristãos, aponta a necessidade de uma “Espiritualidade Ecológica” (Capítulo Sexto, 202). Implica a mudança do “estilo de vida”, “uma educação para o respeito ao ambiente”, que começa nas atitudes do cotidiano e se amplia para a globalidade, enfim, a “conversão ecológica” (216), que é alegre, contemplativa, cuidadora, sóbria, que gosta de arte, de música, celebrações (inclusive eucaristia), enfim, sem o consumismo crasso da sociedade contemporânea.

O texto conclui com uma bela oração sobre a criação.

O novo desse texto para nós, aqueles que fazemos esse caminho há tantas décadas, é que agora nos vejamos plenamente contemplados num documento oficial do Vaticano.

Que o documento produza os frutos semeados.

Sem dúvida, sinal dos tempos.

  

Links para Encíclica 

Site do vaticano: acesse aqui.

PDF - Arquidiocese de São Paulo: Acesse aqui.

PDF - Encíclica por Pe. Nelito: Acesse aqui.

PDF - Encíclica por Pe. Ari: Acesse aqui.

Resumo Encíclica: Acesse aqui.

Artigo - O Grito da Terra: Acesse aqui.

Entrevista com Leonardo Boff: Acesse aqui.

Encíclica reforça visão integral da ecologia: Acesse aqui.

Norte de Minas pode virar deserto em 20 anos: Acesse aqui.

 


 

Fonte: Áudio da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz SP), reprodução autorizada em nosso site pela autora. Demais materiais disponibilizados diretamente pela autora desse artigo.

 

Márcia M. de Castro

Márcia M. de Castro
Márcia Mathias de Castro é fonoaudióloga, membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi (RE Belém). Também é colaboradora da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz - SP), participou da Escola de Governo e do Movimento de Integração Campo Cidade (MICC).