PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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Semanas Sociais Brasileiras

No comentário da semana passada falamos sobre a 1a. Semana Social Brasileira (SSB), pós ditadura militar, que ocorreu em 1991 aos 100 anos da Rerum Novarum e discutiu o Mundo do Trabalho, seus desafios e perspectivas. Fruto desse momento foi o nascimento de várias pastorais sociais e também o fortalecimento da Pastoral Operária.

5-ssb-01A 2a. Semana Social Brasileira durou três anos, de 1993 a 1995, com o tema Brasil, alternativas e protagonistas. Teve maior participação e em cada Estado do Brasil houve o chamado à comunidade para fazer o debate sobre os problemas sociais à luz da fé, que é o método proposto nas SSBs. Nasceram várias iniciativas pelo Brasil com reforço à ação social da Igreja, nasceu também a (ASA) Articulação no Semi-Árido Brasileiro  (http://www.asabrasil.org.br ) que é uma rede de organizações da sociedade civil que atua na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. A ASA desenvolveu o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido dentre este o Programa Um Milhão de Cisternas.

Depois veio a 3a. Semana Social Brasileira que também durou três anos, entre 1997 e 1999, e o tema foi Resgate das Dívidas Sociais – justiça e solidariedade na construção de uma sociedade democrática. Estávamos na preparação no jubileu do ano 2000 e o Papa João Paulo II convocou a discussão sobre as dívidas. Foram feitos vários debates sobre as dividas brasileiras externas e internas com a cultura, com o povo, com a educação, emprego entre outros. Foi aí que entrou e permanece até hoje, na agenda política, o debate sobre a dívida pública e também nasceu o Plebiscito Contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) (http://www.social.org.br/cartilhas/cartilha002/cartilha016.htm).

A 4a. Semana Social Brasileira durou dois anos, entre 2004 e 2005, com o tema Mutirão por um novo Brasil – Articulação das forças sociais para a construção do Brasil que nós queremos. Período que nasceu a Assembleia Popular que é um mecanismo permanente de debater com a comunidade o Brasil que temos e o Brasil que queremos. A Lei da Ficha Limpa também começou a ser gestada nessa época, frente a necessidade de se combater a questão da corrupção e que fosse destruída no nascedouro, ou seja, que pessoas corruptas não cheguem aos cargos públicos.

Agora estamos na 5a. Semana Social Brasileira e cada comunidade deve se reunir não numa pastoral nova, nem é algo restrito à grupos específicos, todos são chamados a participar: catequese, grupos de oração, círculos bíblicos, comunidades eclesiais de base, pastorais, enfim vamos todos debater O Estado que temos e o Estado que queremos. Estado para quê e Estado para quem? Essa discussão é um processo muito profundo de politização por princípios evangélicos onde Jesus nos diz que tudo o que nos leva a pecar tem que ser arrancado. Se há uma ideologia de morte tem que ser arrancada, se há uma economia de morte, tem que ser arrancada, se há uma política de morte tem que ser arrancada e dar lugar ao que promove a vida em dignidade.  Então a Semana Social é uma forma de viver o Evangelho a partir do que Jesus diz claramente: é melhor entrar para a vida com um olho só, um pé só do que ter os dois e perder a vida (Pe. Nelito Dornelas).

logo-5-semana-socialCom as Semanas Sociais aprofundou-se a articulação e o intercâmbio entre as diversas pastorais sociais, movimentos e associações de diversos setores dentro e fora da Igreja, o que tem levado a atividades comuns de mobilização e compromisso, fortalecendo assim uma ação mais orgânica e de conjunto.

Convido você a conversar com a sua comunidade e perguntar se estamos satisfeitos com esse Estado? Como poderia ser no aspecto da Segurança Pública, da Educação, da Saúde, da Alimentação, Moradia, Comunicação, Lazer, Mobilidade Humana, emprego, distribuição de renda? Tem subsídios impressos para essa discussão nas livrarias católicas e também no site de Pastoral Fé e Política com vários vídeos e entrevistas sobre esse assunto. Participe e leve essa discussão para sua comunidade!

 

Fonte: O artigo nos foi enviado diretamente pela autora, tendo sido primeiramente veiculado pela Rádio 9 de Julho (1.600 KHz, SP)

Márcia M. de Castro

Márcia M. de Castro
Márcia Mathias de Castro é fonoaudióloga, membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Coordenadora da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi (RE Belém). Também é colaboradora da Rádio 9 de Julho (AM 1.600 KHz - SP), participou da Escola de Governo e do Movimento de Integração Campo Cidade (MICC).