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LICÃO DA FIGUEIRA E DO TEMPLO; Mc. 11,11-26

Marcos descreve os fatos de tal forma que seus leitores e suas leitoras possam perceber
melhor o significado deles para a fé. Assim, primeiro, ele conta a maldição da figueira; em
seguida, a expulsão dos vendedores e, no fim, fala novamente da figueira.

Mc. 11,11: E Jesus entrou em Jerusalém, no Templo. Depois de observar tudo ao redor, saiu
com os Doze rumo a Betânia, porque já era tarde.

 

Jesus está em Jerusalém. Tinha ido com seus discípulos até o Templo onde houve a grande
manifestação como líder popular e é reconhecido como alguém vindo da parte de Deus. As
autoridades não gostaram muito dessa manifestação. Jesus não passa a noite na cidade, volta
para Betânia, onde era mais seguro para ele. Nessa cidade moravam seus amigos, Maria,
Marta e Lázaro

Mc. 11,12-14: No dia seguinte, quando saiam de Betânia, Jesus teve fome. Avistando a
distância uma figueira coberta de folhas, foi ver se encontrava algum fruto. Mas não
encontrou nada além de folhas, pois não era época de figos. Dirigindo-se à arvore, disse:
“Nunca mais alguém coma do seu fruto”. E seus discípulos ouviram o que ele disse.

Jesus sentiu fome! Parece estranha essa afirmação. Mas é importante sempre lembrar que Ele
era gente! E como qualquer ser humano também sentia fome! E foi tentar resolver a situação!
Mas a fome de Jesus também tem um outro significado. O que está por traz dessa fome?

A figueira representa uma vida incapaz de produzir alguma coisa. Isto é uma vida que não dá
frutos, incapaz de fazer o bem, porque é o tipo de pessoa que vive para si mesmo, tranquilo,
egoísta, que não quer ter problemas. Jesus amaldiçoa a figueira porque “não fez o que devia
para dar fruto”.

A figueira representa a Igreja fechada em si mesma, a pessoa que nada faz para ajudar, que
vive só para si, a fim de que nada lhe falte. Nesta linha de pensamento podemos entender
melhor o que vem a seguir...

Mc. 11,15-16: Eles chegaram a Jerusalém. Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os
vendedores e compradores que aí estavam. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e
as cadeiras dos que vendiam pombas. E não deixava ninguém transportar nada pelo Templo.

O Templo de Jerusalém era o coração de Israel. Era dirigido pelos sumos sacerdotes em
parceria com os escribas e os chefes do povo, os quais formavam o Sinédrio, a suprema corte.
O comercio de animais destinados aos sacrifícios era controlado pelas famílias dos sumos
sacerdotes, que praticavam um preço mais alto do que no mercado da cidade.

Só na noite de páscoa eram imolados milhares de animais. Em função disso havia gente
atravessando o Templo o dia inteiro, para transportar lenha, animais, incenso e água para os
sacrifícios. O Templo tinha virado um mercado, fonte de exploração.

O gesto aparentemente violento de Jesus deu como que encerrado o expediente do Templo e
põe fim ao culto da maneira que estava sendo realizado.

O Templo, do jeito que estava funcionando, não passava de uma árvore frondosa, bonita,
cheia de folhas, mas sem oferecer fruto para o “povo faminto”. Nunca mais alguém coma do
seu fruto. A religião não pode ser usada para oprimir e explorar o povo e nem para legitimar os
dirigentes.

Mc.11, 17-19: Jesus os ensinava, dizendo: “Não está escrito: Minha casa será chamada casa
de oração para todos os povos”? “No entanto, vocês a transformaram em abrigo de ladrões!
Ouvindo isso, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam uma maneira de
acabar com Jesus. Mas tinham medo dele, porque a multidão estava maravilhada com o seu
ensinamento. Quando entardeceu, eles saíram da cidade.

Fazendo memória dos profetas Isaías e Jeremias, Jesus ensina que o Templo não pode ser um
lugar de exclusão, mas deve ser aberto para todos. O profeta Jeremias que Jesus cita diz: “Este
Templo, onde meu nome é invocado, será por acaso abrigo de ladrões? Estejam atentos,
porque eu estou vendo tudo isso- oráculo de Javé. (Jr.7,11)

Essa situação estava acontecendo no tempo de Jesus e também pode estar acontecendo hoje.
Se Jesus aparecesse hoje entrasse em nossa Igreja, o que diria e faria?

Mc. 11, 20-22: Na manhã seguinte, passando por aí, viram a figueira seca até as raízes.
Pedro se lembrou e disse a Jesus: “Mestre, olha a figueira que amaldiçoaste. Ela secou” Jesus
respondeu-lhes: “Tenham fé em Deus”.

No dia seguinte, de manhã cedo, quando passavam perto da figueira, viram que ela estava
seca até a raiz! Pedro chamou a atenção de Jesus. Na sua resposta, Jesus deu a chave para
poder entender todo o sentido da expulsão do Templo e da maldição da figueira.

No culto anterior, o acesso a Deus estava baseado no sacrifício de animais e era manipulado
pelo comercio e ganância. A figueira secou, expressando o alcance da ação de Jesus no
Templo. A comunidade que se forma a partir das palavras e ação de Jesus pode, então,
começar um novo caminho baseado na confiança em Deus.

Mc. 11,23-24: “Eu Lhes garanto: Se alguém disser a esta montanha: Levante-se e atire-se no
mar, e não duvidar no coração, mas acreditar que se realiza aquilo que está dizendo, assim
acontecerá. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem rezando, creiam que já o
receberam, e assim acontecerá para vocês”.

Com a expulsão dos vendedores do Templo, Jesus colocou um ponto final no antigo culto e
indicou pontos que devem caracterizar o novo culto que ele deseja. Agora o acesso a Deus de
acordo com o ensinamento de Jesus se fará: 1) pela fé sincera, capaz de remover montanhas.
2) pela oração confiante que se consegue o melhor para nossas necessidades.

Mc.11,25-26: “E quando vocês estiverem rezando, se tiverem alguma coisa contra alguém, o
perdoem, para que o Pai e vocês que está nos céus, também perdoe os pecados de vocês. ”
O terceiro ponto para o novo culto para o Pai é pela reconciliação que perdoa e acolhe as
pessoas e, assim, acaba com a exclusão.

No ano 70, em que Marcos escrevia o seu evangelho e descrevia a expulsão dos vendedores do
Templo, Jerusalém estava sendo cercada e invadida pelo exército romano. Tudo foi destruído.
Diante deste pano de fundo histórico, a memória do gesto de Jesus se torna uma advertência
muito séria a todos que pervertem o sentido do culto para fazer dele uma fonte de lucro.

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