Nesse dia em que relembramos a luta dos inconfidentes na figura de Tiradentes e a morte de Tancredo Neves, nos surpreende e entristece a notícia que o amado Papa Francisco nos deixou. Com a recente partida da grande figura de Dom Angélico Sândalo Bernardino (dia 15/abril) ainda nos cobrindo de luto, recebemos mais essa perda irreparável com um aperto no coração. Mas nos consola a certeza de que eles estejam ao lado de Deus, e que seus legados permanecerão para inspirar outros a seguir o mesmo caminho em busca da justiça e da paz.
Reproduzimos a seguir o texto "O Papa do fim do Mundo foi o Papa da Paz", escrito por Mônica Picco da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo (RE Lapa).
É com imensa tristeza que o mundo acorda nesta 2a feira pela morte do Papa Francisco. Um Papa (assim mesmo, com P maiúsculo) que não mediu esforços para apoiar ideias, ações, movimentos socais e decisões que favorecessem populações minorizadas, sofridas pela injustiça e preconceitos.
A Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo chora sua partida, mas enaltece o seu legado. Um Papa que muito contribuiu com a Doutrina Social da Igreja, escrevendo encíclicas que nos chamam atenção para a crise ambiental e a urgência de cuidar da criação e das pessoas (Laudato Si, 2015); para a fraternidade e amizade social com foco na necessidade de construir um mundo mais justo, inclusivo e pacífico (Fratelli Tutti, 2020).
Como escreveu Fernando Altemeyer, "seu foco foi cuidar dos migrantes e refugiados, atuar e defender as periferias do mundo, fazer ecoar a voz do papa em favor da sinodalidade, na Casa Comum na labuta pela fraternidade universal. Um novo modo de agir na Igreja como bispo e pastor universal. Suas palavras são esculpidas por experiências existenciais: misericórdia, missão, alegria, reforma, fraternidade universal, cuidado com o planeta, colegialidade e diálogo. A motivação é a missão, Igreja em saída, o cuidado pastoral dos empobrecidos e o rompimento claro do clericalismo que fez da Igreja uma instituição autocentrada e distante do Evangelho de Jesus. Francisco afirma a tempo e contratempo que é chegada a hora histórica da Igreja em saída, de seguir as intuições e textos do Concílio Vaticano II".
Francisco escolheu varios cardeais para tentar que seu legado continue, mas o movimento ultra conservador virá com força total, pois ter o Vaticano em suas mãos é garantir estratégias às suas ações. Que o Espírito Santo conduza esse conclave.
Enquanto houver uma única pessoa com fome, ou sem direitos atendidos, ou políticos corruptos ou sistemas de governos individualistas e elitistas, entre outras mazelas sociais, a PFP estará atenta e seguirá denunciando, sob as bênçãos de Francisco, agora, do céu.