PASTORAL FÉ E POLÍTICA

Arquidiocese de São Paulo

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Ninguém Fecha o Céu

Desde o seu primeiro dia,
da pobreza ele sabia
e aprendeu em Nazaré,
da esperança, o que ela é.


Sim, cresceu nosso menino
sem dar nome de destino
à opressão que sofre o pobre
pra nutrir quem se diz nobre.

Desnudou essa nobreza
que vazia deixa a mesa
de quem luta pela vida
só por troca de comida.

O pequeno nazareno,
de olhar firme mas sereno,
tinha mesmo uma vontade
de implantar fraternidade.

E cresceu notando o abismo
que de um lado é despotismo,
do outro lado dor e medo
de quem sofre desde cedo.

Viu que a lei tinha doutores
e o poder, os seus rigores,
com o peso posto inteiro
sobre o pobre, em seu roteiro.

Espalhou boa semente
de um reinado diferente,
escolhendo o lado certo
de ficar, sempre desperto.

E firmou o entendimento
para o fraco e sem alento
de que Deus quer ver feliz
quem traz tanta cicatriz.

E o menino de Belém
põe-se contra esse desdém
que sustenta todo império.
Lança mão de outro critério.

Para o pobre o céu existe!
Pra quem chora ou anda triste,
o consolo, a paz, o pão!
Pra quem cai, luz e perdão!

E assim vira pelo avesso:
no serviço põe apreço,
a partilha é o bem maior,
pelo amor vale o suor!...

Não gostaram do discurso
e ceifaram seu percurso:
”Cruz merece o galileu,
pois a Deus ele ofendeu!”

A justiça dos humanos
fez valer seus próprios planos
de cortar pela raiz
a ousadia do infeliz!

À tortura é condenado
e depois crucificado
quem a vida defendeu!
Sua luta não valeu?...

A lição da sexta-feira,
que julgaram tão certeira,
no domingo se espantou:
ah! Jesus ressuscitou!...

O menino de Belém
do sepulcro foi além:
está vivo em nosso meio,
sustentando o mesmo anseio!

Essa cruz que condenava
e que vinha como trava
encontrou de um pobre os braços
e se viu com novos traços!

A vontade a se compor
é a do Pai, que é sempre amor!
E o menino foi fiel!
Ninguém mais nos fecha o céu!

 

natividade-01

 

Poema especialmente escrito por ocasião do Natal.

 

Fonte: Material enviado diretamente pelo autor para publicação e divulgação.

 

J. Thomaz Filho

J. Thomaz Filho
J. Thomaz Filho é escritor, poeta, compositor e também letrista, parceiro de Frei Fabreti em dezenas de músicas litúrgicas, entre elas "Imaculada", "O Amor de Deus", "Grande é o Senhor", "Cantando a Beleza da Vida", "Venham Comigo" e "Vejam". Atuou por mais de dez anos no Colégio Santa Catarina (Petrópolis/RJ) lecionando ética. Trabalha junto a grupos de reflexão bíblica e formação cristã. Foi agraciado com o prêmio "Poesia e Liberdade" pelo Centro Alceu Amoroso Lima (2010). Para falar com J. Thomaz Filho, utilize nosso formulário de contato.