Qual é o plano de Deus?

Não o temos lavrado em nenhuma biblioteca, não o temos registrado em nenhum cartório, não o temos patenteado em nenhum instituto do nosso mundo. Só podemos sondá-lo, temos de aprender a compreendê-lo.

Mas não estamos no escuro, esse plano está aí, cintilando por todo canto: na complexa e ao mesmo tempo simples integração da natureza, nos mais profundos sonhos de cada ser humano, nas entrelinhas de toda a história. De maneira mais densa e desafiante o plano de Deus está retratado pelos gestos, enfrentamentos e palavras de Jesus.

O plano de Deus é o que Deus quer para nós, o que Deus quer para o mundo, é a razão por que nos criou, criando-nos dessa forma que somos, como mulheres e homens que precisam ajudar-se mutuamente para se situarem no mundo e aqui viverem em paz, não como tendo atingido a última razão de nossa existência, mas descobrindo-nos a caminho do definitivo, do infinito. Portanto, se queremos conhecer o plano de Deus, olhemos para o testemunho de toda a caminhada do povo de Jesus, mas principalmente olhemos para Jesus.

adoracao-01O plano de Deus está ali, nas bem-aventuranças, está na radicalidade do Sermão da Montanha, está nas curas que Jesus fez e nas suas recusas de curar, está nas desconcertantes parábolas do pai misericordioso com seus dois filhos, dos trabalhadores da última hora, do joio e do trigo, das sementes à nossa vista desperdiçadas pelo agricultor que as lança em todos os terrenos, também nos que não estão abertos a se deixarem fecundar. Está no “perdoai-os porque não sabem o que fazem!

Em suma, o plano de Deus está numa humanidade empenhada em viver à semelhança de Deus: na partilha, sem dominações de uns sobre outros, no entendimento, no respeito às diferenças – pois foi Deus quem criou as diferenças! Mas, lembrando que diferenças não são desigualdades. Estas fomos nós que criamos, e precisam ser superadas. As diferenças precisam, todas elas, ser levadas para dentro da Arca de Noé, mas as desigualdades precisam ser deixadas do lado de fora, se o objetivo é escaparmos do dilúvio, nos salvarmos. O grande testemunho de Jesus: é salvando os outros que nos salvamos, dando a vida pelos outros que ganhamos a nossa, sendo serviçais a todos que cumprimos a mais profunda essência de nós mesmos. Mas não se trata de qualquer serviço, não se trata de subserviência, de escravidão, de submissão, de negação de si mesmo, nem de mero empenho pelo lucro, e sim da gratuidade, do cuidado, do perdão, do amor.

Como deturpamos a palavra amor!... É preciso acrisolarmos o nosso entendimento, depurarmos nosso sentimento, reinventar cada gesto nosso, para que o abraço seja a razão de nossa convivência – entre todos os humanos! Porque o nome de Deus é Amor, porque Deus é Amor! E Amor é o plano de Deus. E amor é a nossa tarefa.

 

Fonte: Artigo enviado ao nosso site diretamente pelo autor