DA TRISTEZA PARA A ALEGRIA: Jo. 16,20-23

Estamos vivendo o tempo litúrgico entre a Ascensão e Pentecostes. As leituras de cada dia
pertencem aos capítulos 16 e 21 do evangelho de São João, onde fazem parte do assim
chamado Livro da Consolação ou da Revelação perante a Comunidade.

Jo. 16,20: “Eu lhes garanto: Vocês vão chorar e se lamentar, mas o mundo vai se alegrar.
Vocês ficarão angustiados, mas a angústia de vocês se transformará em alegria”.

 

O ambiente é de tristeza e de expectativa. Tristeza porque Jesus se despede e a saudade e a
angústia tomam conta do coração dos discípulos. Essa realidade também fazia parte das
comunidades do fim do primeiro século na Ásia Menor (atual Turquia) para as quais João
escreve o evangelho. Elas viviam uma situação difícil de perseguição e de opressão que era
causa de tristeza e incerteza e angústia.

Hoje vivemos tempos de incerteza e angústia. Não se pode dizer que todos passem por uma
crise da mesma forma, porque para alguns, na medida em que os problemas surgem, avançam
com mais determinação. Mas muitos se apegam às desgraças para justificar a falta de
esperança. Precisamos alimentar a esperança do nosso povo principalmente os mais pobres.

Jo. 16,21: “Quando a mulher está para dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora.
Mas quando a criança nasce ela nem se lembra da aflição, por causa da alegria, pois um ser
humano foi dado ao mundo”.

Os apóstolos tinham ensinado que Jesus voltaria logo, mas o retorno glorioso de Jesus estava
demorando e a perseguição aumentava para as primeiras comunidades. Muito ficavam
impacientes: “Até quando?” Pois, uma pessoa só agüenta uma situação de sofrimento e de
incerteza quando ela sabe que o sofrimento e angústia são caminho e condição para a perfeita
alegria de uma vida mais digna.

Por isso o evangelho traz a comparação tão significativa das dores do parto. As mães sabem
disto por experiência. A dor é terrível, mas elas agüentam, porque sabem que a dor é fonte de
vida nova. Assim é a dor da incerteza, da exclusão, e assim pode e deve ser vivida qualquer
dor, contanto que seja à luz da experiência da morte e ressurreição de Jesus.

Jo. 16,21-23: “Agora vocês também estão angustiados. Mas eu logo os verei, e seus corações
se alegrarão, e essa alegria ninguém vai tirar de vocês. Nesse dia, vocês não me farão mais
perguntas”.

Jesus aplica a comparação da mulher prestes a dar à luz. Esta é a certeza que animou as
comunidades cansadas do tempo do evangelista. A expressão “Nesse dia” indica a chegada
definitiva do Reino que traz consigo a sua própria claridade. A luz de Deus é a resposta total e
plena a todas as perguntas que poderia nascer de dentro do coração humano.

Tristeza, alegria e angústia. Elas existem misturadas na vida. Que as palavras do evangelho
alimentem a nossa esperança e nos mantenha firmes na luta por uma vida.