Jo.7,1-2.10.25- 30= A PESSOA DE JESUS.

João descreve a confusão que havia no meio do povo a respeito da pessoa de Jesus.

Hoje também há muita discussão sobre religião, e cada um tira os seus argumentos da
Sagrada Escritura. Nesta discussão, acontece muitas vezes que os mais pobres são
enganados pelos poderosos e às vezes até pelo pessoal das igrejas.

Jo.7,1-2.10 Depois disso, Jesus saiu andando pela Galileia. Ele não queria andar pela
Judeia, porque os judeus pretendiam matá-lo. Mas estava próxima a festa judaica
das Tendas. Depois que seus irmãos subiram para a festa, então ele também subiu;
não publicamente, mas às escondidas.

Sempre é bom lembrar que no evangelho de João, Jesus foi no mínimo duas ou três
vezes a Jerusalém para a festa da Páscoa. É com essa referência que sabemos que a
vida pública de Jesus durou em torno de três anos.

A festa das Tendas ou dos Tabernáculos caía no final da colheita e da “apanha” das
uvas. O povo armava barracas no deserto e fazia memória da experiência vivida pelos
israelitas no deserto, morando em cabanas temporárias. A festa durava sete dias.

A situação de Jesus não era “muito confortável”. Ele se torna indesejado pelas
autoridades, porque as palavras e o agir dele denunciava as atividades delas em nome
de Deus e da religião. Por isso o texto diz que Jesus foi às ocultas, pois na Judéia
queriam matá-lo. Sua ousadia brotava da segurança no querer do Pai.

Jo.7,25-27: Algumas pessoas de Jerusalém diziam: “Não é esse que estão procurando
para matar? Ele está aí falando abertamente e ninguém lhe diz nada! Será que as
autoridades se convenceram de que ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde
vem; quando o Cristo vier, ninguém saberá de onde ele vem”.

A atividade de Jesus é valentia diante do perigo ou é provocação? Se é provocação
porque não o atacam? Parece que o centro da questão era a figura do Messias. A
maioria dos judeus esperava. Mas como seria o jeito do Messias? Parece que eles
esperavam um Messias misterioso, de origem desconhecida.

Jo.7,30: Então trataram de prender Jesus. Mas ninguém lançou sobre ele as mãos,
porque a hora dele ainda não tinha chegado.

No evangelho de João quem determina a hora e o rumo dos acontecimentos não são
aqueles que detêm o poder, mas é o próprio Jesus: “Mas vai chegar a hora, e é agora,
em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade”. Porque são
esses são os adoradores que o Pai procura”. (Jo.4,23). “Antes da festa da Páscoa, Jesus
sabia que tinha chegado a sua hora, a hora de passar deste mundo para o Pai”. (Jo.13,1)
A Campanha da Fraternidade deste ano que reflete sobre a superação da violência e
como lema: “somos todos irmãos” deseja que tiremos do nosso coração o pecado da
intolerância religiosa que pode levar a violência.

Neste sentido é importante refletir: No evangelho de João encontramos os termos:
“judeus”, e de “vocês judeus”, como se ele (João) e Jesus não fossem judeus. Este jeito
de falar reflete a situação da trágica ruptura que ocorreu no primeiro século entre
judeus (Sinagoga) e os cristãos.

Durante muito tempo, esta maneira de falar do evangelho de João contribuiu para
fazer crescer o antissemitismo que é uma forma de pregar o ódio aos judeus. Hoje é
importante não alimentar essa polêmica. Nunca podemos esquecer que Jesus é judeu.
Nasceu judeu, viveu como judeu e morreu como judeu.

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos)