CEBI: Idolatria e Imperialismo x Resistência Popular

Este artigo, diferente dos demais, é composto de duas partes que foram apresentadas em dias diferentes (dias 1 e 2 de agosto de 2011) na Rádio 9 de Julho, programa Igreja em Notícias, mas que aqui estão juntas para facilidade de leitura e de comprenção por parte de nosso leitor. A primeira parte "" foi ao ar no dia 1 de agosto, e a segunda parte, "Política", foi ao ar no dia 2 de agosto.

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Dando continuidade aos encontros do livro "Dilemas sociais de uma nação desigual – Círculos Bíblicos" para um projeto popular para o Brasil, do CEBI, faremos hoje uma análise da leitura Bíblica e amanhã comentaremos o encontro. Dessa forma, teremos o momento do Julgar antes do Ver, mas dentro da perspectiva de Fé – leitura da Bíblia – e Política – análise de conjuntura. O tema de hoje é: "Idolatria e imperialismo versus resistência popular" e a leitura é do livro de Dn 3,1-23. Ouçamos algumas partes e eu os convido a fazerem a leitura de toda a passagem após o programa ou nas reuniões da Pastoral de Fé e Política em suas paróquias e comunidades.

O rei Nabucodonosor mandou fazer uma estátua de ouro e levantou-a na província da Babilônia. A seguir o rei Nabucodonosor ordenou aos sátrapas, magistrados, governadores, conselheiros, tesoureiros, juízes e juristas, e a todas as autoridades da província, que se reunissem e estivessem presentes à cerimônia de inauguração da estátua. O arauto proclamava em alta voz: "Povos, nações e línguas, eis a ordem que vos é dada: no instante em que ouvirdes soar a trombeta, a flauta, a cítara, a sambuca, o saltério, a cornamusa e toda espécie de instrumentos musicais, devereis prostrar-vos para adorar a estátua de ouro erigida pelo rei. Aquele que não se prostrar e não adorar será imediatamente atirado à fornalha acesa".

Alguns caldeus se aproximaram para denunciar os judeus. E, pedindo a palavra, disseram ao rei: "Ora, aí estão alguns judeus, a quem confiaste a administração da província da Babilônia, a saber, Sidrac, Misac e Abdênago. Esses homens não tomaram conhecimento do teu decreto, ó rei: não servem a teu deus e não adoram a estátua de ouro que levantaste". Então, ardendo em cólera, Nabucodonosor ordenou que lhe trouxessem à presença Sidrac, Misac e Abdênago. Conduzidos esses homens imediatamente perante o rei, disse-lhes Nabucodonosor: "É verdade que não servis a meus deuses e não rendeis adoração à estátua de ouro que eu erigi?" Em resposta, disseram Sidrac, Misac e Abdênago ao rei Nabucodonosor: "Não há necessidade alguma de replicar-te neste assunto. Se assim for, o nosso Deus, a quem servimos, tem o poder de nos livrar da fornalha acesa e nos livrará também, ó rei, da tua mão. Mas se ele não o fizer, fica sabendo, ó rei, que não serviremos o teu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste". Então Nabucodonosor echeu-se de cólera e deu ordem para que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume.

biblia-fornalhaEles foram, pois, amarrados com suas túnicas, seus calções, seus barretes e suas outras vestes, e arremessados à fornalha acesa. Entretanto, porque a ordem do rei era peremptória e a fornalha estava excessivamente acesa, os homens que nela arremessaram Sidra, Misa e Abdênago foram mortalmente atingidos pelas chamas. Quanto aos três, caíram amarrados no meio da fornalha acesa.

Destaco para vocês, caros ouvintes, algumas informações sobre o livro de Daniel, o qual acabamos de ler uma passagem. Daniel é um livro escrito de forma apocalíptica, logo, não só o Apocalipse (de São João) usa esse tipo de literatura, como também temos outras passagens de livros bíblicos e apócrifos escritos dessa maneira. Importante lembrar também, que diferente da profecia, a linguagem apocalíptica tem uma visão mais pessimista da vida, do mundo. Acreditam em transformações, mas essas somente são possíveis com o auxílio divino.

Os 6 primeiros capítulos do livro apresentam a história de Daniel e de seus companheiros como exemplo de judeus que foram fiéis à lei e à religão de seu povo, sendo por isso recompensados por Deus. E nós? Como nos comportamos frente aos impérios propostos em nossos dias? Somos capazes de manter a fé e não adorarmos falsos deuses que nos prometem um show de milagres? Amanhã continuaremos a reflexão.

POLÍTICA

Voltamos hoje ao 4º encontro do livro "Dilemas sociais de uma nação desigual – Círculos Bíblicos" para um projeto popular para o Brasil, do CEBI. O tema é: Idolatria e imperialismo versus resistência popular. Para os encontros, fica sempre a sugestão de preparar adequadamente o local onde os mesmos serão realizados: devemos enfeitar o altar com panos, Bíblia e velas, além de outros símbolos que julgarmos necessários; ter um canto inicial para animar e motivar as pessoas, além de fazermos uma boa acolhida; finalmente, devemos iniciar o encontro com a invocação do Espírito Santo. O canto que eu sugiro para vocês fazerem é a música: "E vamos à luta", do Gonzaguinha ou "Resistência" do Xico Esvael.

Ver a situação que estamos passando é um momento muito importante; e tão importante é ouvirmos a opinião de cada pessoa. Hoje, o VER, nos introduz à leitura do profeta Daniel. Como já vimos ontem, um "rei poderoso constrói uma estátua de ouro e manda todos os povos a adorarem, mas os judeus não aceitam isso, pois só adoram a Deus. Adorar o ídolo de ouro significa ficar submisso a seu domínio imperialista. Quem segue a Deus não permite ser dominado por nenhum rei, nem por seus ídolos." Reflitam sobre as questões a seguir:

"Quem é o império hoje? Quais ídolos esse império quer que nós adoremos?"


"Hoje em dia, como resistem os povos do Terceiro Mundo diante das grandes potências? Vocês conhecem grupos e movimentos que resistem, mesmo que isso lhes custe perseguição?"


"Quais instrumentos o império tem usado para nos dominar hoje? Como o povo tem resistido?"


Percebemos que "o espírito imperialista tem profundas raízes em nós. Como ele se manifesta? Como descontruí-lo e reconstruir, aos poucos, o espírito do Reino?"

chaplin-01Vocês já notaram como "o imperialismo se apresenta como divindade, como o bem em luta contra o mal? Por que, então, ele "demoniza a quem ousa questionar sua arrogância, sua violência, seu totalitarismo?"

Passamos agora ao momento do JULGAR, que fizemos ontem. É neste momento que devemos procurar a forma correta de analisar o VER, ou seja, o que Deus tem a nos dizer sobre nossa realidade, sobre como devemos nos comportar diante dela. Na leitura de Daniel 3,1-23, vimos ontem como três jovens resistiram de forma extraordinária diante da imposição de um império poderoso que quer dominar de todas as formas o povo judeu, usando o maior instrumento de dominação que é a religião. Após a leitura tentem identificar "quais as formas de dominação utilizadas pelo rei Nabucodonosor e como os jovens resistiram à tentativa de dominação." "O que aconteceu com os jovens por terem resistido às tentações de dominação? E, nos dias de hoje, o que acontece com aqueles e aquelas que não se deixam dominar e resistem às diversas formas de dominação?"

Como ação para o AGIR, sugiro que procurem conhecer o trabalho da Assembléia Popular. Ela está comprometida em refletir com todas as comunidades sobre a lógica de injustiça, como ação concreta. Finalmente, relembro que a Rede Nossa São Paulo e a Câmara Municipal estão promovendo uma consulta pública que se encerrará no próximo dia 15, onde a sociedade vai elencar prioridades em diversas áreas, utilizando como ponto de partida os Indicadores de Referência de Bem Estar no Município, e, com isso, pautar o trabalho dos vereadores.

Acesse o site: www.vocenoparlamento.org.br  É importantíssimo que você participe e divulgue para sua comunidade e grupo de amigos.


 

 

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FONTE: O artigo de Marília Amaral nos foi enviado diretamente pela autora, tendo sido primeiramente veiculado pela Rádio 9 de Julho nos dias 01 e 02 de agosto de 2011. Sua reprodução é autorizada pela Rádio 9 de Julho.

 

NOTA: O livro citado pode ser encontrado no site do CEBI.